Pensa rápido: o que a Valesca Popozuda e a Maitê Proença têm em comum?
Pensa rápido: o que a Valesca Popozuda e a Maitê Proença têm em comum?
Nada, ou quase nada.
São mesmo duas mulheres muito diferentes. Mas, cada uma à sua maneira, não se cansam de afirmar a liberdade do desejo feminino. Exatamente por isso, nesta edição especial sobre tesão (e a falta dele...), convidamos a dupla para um encontro nas Páginas Vermelhas – onde Maitê foi entrevistada em 2003, e agora volta como entrevistadora para conversar com a Valesca.
Valesca passou dos proibidões para 30 milhões de views em poucos meses. Descendo até o chão com a Gaiola das Popozudas e músicas como “Quero te dar”, “Pica mole style” e “My pussy é o poder”, ela se jogou na carreira solo e extrapolou os bailes funks com “Beijinho no ombro”.
Se a Valesca não chega a ser uma Simone de Beauvoir com whey protein, é preciso reconhecer que no seu repertório a mulher está sempre no comando. Ali, ninguém faz papel de bibelô de baile, nem leva desaforo pra casa.
Em “Se um tapinha não dói, eu falo pra você, segura esse chifre, quero ver tu se foder”, a esposa cansada do marido violento sai por aí curtindo a vida adoidado. Tem também “Sai pra lá, seu falastrão, bota sua calça e sai voado”, a vingança de uma mulher contra o gaiato que espalhava ter ido pra cama com ela. Ou ainda “Sou cachorrona mesmo, late que vou passar, agora tô solteira e ninguém vai me segurar”, com seus versos bastante autoexplicativos.
Tudo isso embalado em shorts mínimos, hectalitros de silicone, toneladas de leg press e silhueta bombada. Um visual hipersexualizado, em que o desejo feminino quebra tudo ao som do pancadão. Sim, a mulherada pega um, pega geral, e daí? Se alguém disser um ai, leva um merecido “Keep Calm e deixa de recalque”.
Num registro menos agressivo, mas igualmente provocador, Maitê também já mandou muito beijinho no ombro para a travação sexual do país. Em Dona Beija, novela da TV Manchete exibida em 1986 e reprisada em 2009 pelo SBT, aparecia nua em rede nacional e horário nobre.
Os longos banhos de cachoeira au naturel esquentaram o clima diante das TVs de todo o país, que assistia à sua personagem fazer a festa com todos os homens do elenco – a não ser com aquele que a forçou a se casar com ele. A trilha sonora nacional podia ser relançada só para incluir a Valesca cantando “Quero ver quem tem coragem de querer me proibir”.
Qualquer semelhança não é mera coincidência.
Fernando Luna, diretor editorial