por Daniel Balaban

Seu dinheiro te escraviza ou te liberta? Tem gente que ainda acredita que cheque especial é sinônimo de dinheiro no bolso...

A escravidão esteve presente ao longo da história das sociedades humanas. Hoje, vivemos uma nova forma de escravidão. Somos escravos de um modo de vida. Precisamos de uma TV de 42 polegadas, de roupas caras, de um carro bacana.

Os nossos feitores de escravos são aqueles profissionais de marketing que estudam por anos a fio formas de criar demanda para produtos e serviços, que nos escravizam cada vez mais. Pense o que quiser, mas, pra mim, fidelização é sinônimo de escravidão.

O liberto

Estive com a minha fa­mília no Guarujá. Na praia, puxei papo com um ven­de­dor de milho, meu velho co­nhecido. Perguntei como estava o movimento, ele disse que estava bom, mas já podia prever que maio e junho se­riam fracos. Perguntei como ele faria nos meses em que as vendas diminuíssem. Para minha satisfação, ele res­pon­deu que no verão juntava até 30% de sua renda para poder descansar nos meses de menos movimento.

Completou que com a renda da barraca de mi­lho conseguiu sustentar a casa e mandar os dois filhos para a fa­culdade. Tem até uma poupança para quando se aposentar. Saí da conversa impressionado. O que comprovei com ele é que liberdade financeira não se conquista a­penas ganhando mais di­nhei­ro. É resultado, principalmente, de como o seu dinheiro é gasto.

A escrava

Rafaela, uma amiga, foi comer sushi com as amigas. Veio direto de casa (três meses sem pagar o condomínio), chegou de car­ro novo (financiado) e insistiu em pagar a conta (cheque especial).

Rafaela tem 35 anos, ganha um bom salário – R$ 3.500 – e deve aproximadamente R$ 22 mil entre cartão de crédito e cheque especial. Mora de aluguel, gasta só com o carro 40% de sua renda, ou cerca de R$ 1.400 (gasolina, financiamento, estacionamento, IPVA), não sabe onde vai parar o seu dinheiro e não entende co­mo se endividou tanto.

Espera receber cerca de R$ 15 mil de uma cau­sa trabalhista, que foi julgada há seis meses, mas até agora ela não viu a cor do dinheiro. Em função dessa expectativa, se endividou e agora está desesperada, sem saber o que fazer.

E você, o que te escraviza? O que te libertaria? Não quero demonizar o consumo, mas sim criar um espaço para que você perceba que sempre tem escolhas. Acredite, você pode se libertar.

Daniel Balaban, 32, é economista e apresentou a primeira temporada do programa Me Poupe!, na GNT. É casado, tem dois filhos e lê sempre a Tpm da esposa. Todo mês ele dá dicas sobre como fugir do vermelho e passar de escravo para liberto, feliz da vida.

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