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Doc conta história de uma das fundadoras da Mães da Praça de Maio

por Ana Luisa Abdalla
Tpm #152

Laura Bonaparte sofreu de perdas de memória ao fim de sua vida, não tinha mais lembranças dos filhos desaparecidos pela ditadura

Laura Bruschtein Bonaparte perdeu três de seus quatro filhos, além do ex-marido e outros familiares, para o regime militar na Argentina dos anos 70. Junto com outras mulheres, ela fundou as Mães da Praça de Maio, organização que virou símbolo de resistência de sua luta: obter informações dos filhos desaparecidos e manter viva a memória dos crimes cometidos pela ditadura no país.

Ao fim da vida, no entanto, Laura sofreu de uma doença que afetou sua memória. Mal conseguia reconhecer em fotografias os filhos perdidos, mal se reconhecia no espelho. Sua história foi transformada em um documentário dirigido pela neta, a cineasta Natalia Bruschtein, 39 anos. O longa "Tempo Suspenso" estreia em abril no festival É Tudo Verdade, em São Paulo e no Rio de Janeiro. À Tpm, Natalia falou sobre o filme.

Como surgiu a ideia do longa? Há uns 15 anos, eu e uma prima pensamos que deveríamos fazer um documentário sobre a nossa avó, mas a ideia ficou guardada. Em 2010, por acaso, recebi uma biografia sobre Laura e, ao mesmo tempo, um documentário de 1979 em que a entrevistavam. Naquele momento, retomei a ideia, já que a haviam diagnosticado com demência senil e, por isso, era importante filmá-la o quanto antes, enquanto ainda tinha um pouco de lucidez.

Que mensagem o filme carrega? Quis falar de várias coisas. Uma era sobre memória, o que acontece com tudo o que coletamos ao longo da vida quando morremos. Outra vontade era de mostrar Laura. Apesar da dor, ela não se afogou, lutou com toda sua força e deixou um legado de memória. Ela pôde se permitir esquecer, mas nós devemos seguir lembrando.

Horários e programação: www.etudoverdade.com.br

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