por Letícia González
Tpm #125

Desde 1976, Susy Goldberg é fotografada e assim tem o registro exato da passagem do tempo

Susy e Diego Goldberg são um casal de argentinos que mora em Buenos Aires. Ambos têm 66 anos. Ele é fotógrafo e foi editor de fotografia do jornal El Clarín, ela é empresária e toca uma plantação de oliveiras destinadas à produção de azeite no Uruguai.

Quando tinham 30 anos, a mãe de Susy pediu a Diego que fizesse um retrato de cada um. Foi no dia em que passaram a viver juntos. Exatamente um ano depois, ele decidiu repetir a sessão para registrar como tinham mudado. “A partir daí, a coisa tomou vida própria e não paramos mais”, conta Diego à Tpm.

O projeto se chama A Flecha do Tempo e consiste em fazer, todo dia 17 de junho, um retrato individual de cada membro da família. Em 1978, dois anos depois de iniciada a tradição, o primeiro filho do casal, Nicolás, foi incluído. O mesmo aconteceu quando nasceram Matías, em 1979, e Sebastián, em 1984. Ao longo de 36 anos, a família posou para as fotos em preto e branco feitas pelas câmeras Nikon de Diego, e o segue fazendo. Com exceção dos aparelhos, que passaram de analógicos para digitais, nada mudou. E, ao mesmo tempo, tudo mudou. “Me chama a atenção ninguém ter tido uma ideia tão simples antes. Por outro lado, nosso enfoque foi justamente esse, o da simplicidade. É um exercício lindo para qualquer família”, aconselha Diego.

Na esfera pessoal, a série moldou a maneira como o casal vê a passagem dos anos. “Nunca imaginei que fosse possível ver o passado com tanta precisão, de um modo tão real e organizado”, diz Susy. Sua parte preferida? “Ver-me envelhecer. E ver meus filhos hoje com a idade que eu tinha quando começamos. Isso é mágico”, afirma. Em 2001, ao completar 55 anos, ela reviu as fotos e sentiu com força como sua imagem mudava. A constatação a fez pensar na família. “O envelhecimento está muito bem documentado ali. Ver minha família unida em imagens ao longo dos anos gerou um sentimento poderoso em mim. Jamais foi algo doloroso.”

Vivendo na Argentina, país que ocupa a 19ª posição no ranking das cirurgias plásticas, Susy nada contra a maré. Nunca quis esconder suas canas (cabelos brancos, em espanhol) nem recorrer a melhoras artificiais. “Muitas mulheres da minha classe social vivem dependentes de cirurgias plásticas nas suas mais diversas formas, mas nunca senti essa necessidade. Acho que o fato de viver em uma casa de homens e de estar ao lado de Diego contribuiu para minha maneira de pensar sobre o assunto”, finaliza.

Vai lá: The arrow of time, por Diego Goldberg 

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