Danielle Cavallon

por Letícia Flores

Aos 35 anos e prestes a lançar seu álbum de estreia, ela conta como se descobriu cantora

A paulistana Danielle Cavallon, 35, hoje não se vê longe da música, mas essa certeza nem sempre foi tão evidente. Seu namoro com a arte começou ainda na adolescência quando se inscreveu em grupos de teatro amador. Mais tarde, um amigo desconfiou que aquela garota tivesse potencial na voz e a convidou para um teste de musical. Ela passou, se tornou íntima dos palcos e aos poucos foi se descobrindo e aceitando como cantora. Prestes a lançar o seu primeiro álbum, Delicada Euforia, ela garante que não sente qualquer saudade das áreas que já transitou e afirma que todos os seus desabafos escritos em cadernos ao longo da vida, se transformaram no seu álbum de estreia.

Quando falamos em música, qual é a primeira memória que vem na sua cabeça?
Quando criança eu amava música. Tem uma história engraçada porque no prédio onde eu morava eu tinha várias amigas e nós éramos fissuradas pelo Balão Mágico. Então, eu pegava a lista telefônica e discava os números de gravadoras e falava "Oi, você está precisando de um grupo infantil? Eu tenho um, ele se chama Lápis de Cor", mas até parece, não existia nada. Eu também adorava tocar de porta em porta convidando os vizinhos para as minhas apresentações. Essa é a minha primeira lembrança musical.

Mas sua carreira artística começou no teatro, não é?
É sim. Eu comecei como atriz de teatro amador com 13 anos. Não demorou pra eu mesma notar que tinha vocação pra coisa. Quando vi já estava no grupo adolescente e também no grupo adulto apresentando três peças por ano. Ganhei prêmios em teatro amador, até que um diretor chegou me motivou a buscar o profissional e eu fui. Tudo tava rolando muito bem até que um amigo de teatro me convenceu a fazer teste para um musical. Na época, há dez anos, musical ainda era novidade no Brasil.

E como foi?
Eu me identifiquei muito. Fiz umas releituras de musicais da Broadway, participei do Cazas de Cazuza e vários outros. Nesta época comecei a estudar canto lírico. Fiquei uns cinco anos nessa coisa de musical.

E quando bateu a vontade de partir para o individual?
Antes de pensar em gravar um disco eu trabalhava em um grupo de performances. Éramos garçons cantores! Parece estranho, mas é isso mesmo. Um restaurante contratava o grupo, nós também servíamos as mesas e do nada começavam as cantorias sem esquecer de colocar a comida do prato do cliente, é claro. Foi uma experiência ótima! Uma época que adquiri muita vivência e quando vi, já estava pelos bares da noite de São Paulo cantando música pop.

E então...
Então eu passei uma temporada de três meses cantando em Mônaco. Assim que eu voltei, me peguei um dia meio tristonha, vendo os dias passarem e eu na mesma. E definitivamente não era aquilo que eu queria. Aí eu tomei coragem e pensei: "eu preciso embalar, preciso assumir que sou artista e preciso buscar minha identidade como cantora". Aí pedi demissão da produtora que eu estava trabalhando e fiquei uns três anos pesquisando, indo atrás de repertório e também vendo com quem eu iria trabalhar.

O seu álbum de estreia tem metade de composições suas e metade de outras pessoas. Quando decidiu gravar o CD você já escrevia?
Não, eu comecei justamente nessa época. Mas comecei a escrever poemas, coisas que passavam na minha vida, sentimentos meus. Acumulei alguns cadernos de desabafos.

E quando entrou em estúdio?
Entrei no começo do ano passado. Juntei essa banda que além de amigos, são músicos excelentes. O Fernando Nunes, baixista da minha banda  e que tocou com Cássia Eller, atualmente toca com o Zeca Baleiro, já anunciou logo de cara que gostaria de encabeçar o projeto. Fizemos um show no Studio SP, a repercussão foi ótima e no dia seguinte um outro amigo me telefonou dizendo "Dani, você vai gravar esse disco, tá muito legal. Vamos amarrar tudo isso aí que vai ficar demais". Era o Diogo Poças, que também acabou entrando como produtor do disco.

 

Diogo Poças é irmão da Céu. Quem você admira desta nova fase da MPB?
Adoro a própria Céu, a Luísa Maita e acho os álbuns do Fabio Góes verdadeiras obras de arte.

 

O que mais você ouviu para compor o disco?
De gringos, Aimee Mann, Fiona Apple, Feist. De nacionais, Lobão, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, mas esses dois últimos nem contam porque pra mim eles são perfeitos tanto musicalmente quanto no palco. Amo assistir show deles!

O que é uma Delicada Euforia?
O nome do disco vem justamente de uma fase da minha vida que tudo era uma euforia, sabe? Eu era muito extremista, quase sem nenhum equilíbrio. Se por um lado eu era muito alegre, por outro eu tinha picos de tristeza profunda. Até brinco que foi uma adolescência tardia porque eu vivia tudo intensamente demais. Mas foi um período essencial de reflexão e busca pra chegar o que eu sou hoje. E a maior parte das músicas saíram dessa fase de extremos.

Na música "Ela", você diz: "Ela gosta de cantar e pular enquanto dança. Come jiló desde pequena. Não recusou sem provar. Ela gosta de dormir em um bom edredom". Ela é você?
Sim, sou eu.

Então lista pra mim as cinco coisas que você mais gosta na vida...
Cantar
Dançar - amo muito
Ser mãe - já estou até pensando nos próximos e olha que a Liv só tem três meses.
Viajar
Estar com a família e amigos

E do teatro, nunca bateu nenhuma saudadezinha?
Teatro ficou pra trás. Há pouco tempo quase rolou a chance de atuar novamente, mas acabou não dando certo. Se rolasse, eu até iria curtir, mas eu não estou mais focada nisso. O meu negócio é com a música mesmo.

Vai lá: Show de pré-lançamento do álbum Delicada Euforia - Danielle Cavallon
Quando:
sábado, 20/8
Abertura da casa às 17h e show às 18h
Onde: Centro Cultural Rio Verde
Rua Belmiro Braga, 119 – Vila Madalena, São Paulo
Quanto: Entrada gratuita
Informações: (11) 3459.5321
Para ouvir: www.soundcloud.com/daniellecavallon

03 Ela by daniellecavallon

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