Brasil 3 X 1 Argentina

por Ana Manfrinatto

Si querés llorar, llorá

Semana passada o assunto não era outro que não a partida entre Brasil e Argentina. Cada vez que alguém notava meu sotaque de brasileira eu escutava um “Vamos ver como vai ser no sábado.”. Até no Five Fifteen (nome da reunião semanal que rola às sextas no meu trabalho) eu recebi provocações futebolísticas vindas das minhas colegas.

Faz mal não. A vingança é um prato que se come frio. E a grande verdade é que os argentinos não estavam muito confiantes, não. Uma amiga me deu uma carona e confessou, na intimidade do seu carro, que “vocês sempre ganham mesmo.”. Ou seja: eles provocam, são resignados mas não perdem a esperança. Prova disso era o outdoor da Coca-Cola espalhado pela cidade com a mensagem “refresquemos el optimismo”.

No sábado era aquele frenesi. Toda a comunidade brasileira trocando mensagem de texto pra saber onde ia ver o jogo, aquela coisa. Eu marchei para a casa de um casal de amigos cariocas e a coisa tava divertida à beça. Todo mundo vestindo as cores da seleção canarinho, cachorro quente à brasileira (com batata palha, milho etc.), pão-de-queijo, brigadeiro e caipirinha. Só a cerveja que era Quilmes. Fazer o quê?

Minha turma verde-e-amarela aqui em BsAs não é dessas que vai em bar de brasileiro nem que pendura bandeira do Brasil na sala. Mas gritar GOL três vezes seguidas ao lado de tantos compatriotas é uma satisfação inenarrável. Éramos 15 brazucas, uma americana e um inglês de coração brasileiro e um casal de argentinos: embora a menina estivesse usando uma camisa “celeste e blanca”, sua calcinha era do Brasil. Já ele. Dava até dó de ver a cara do moço quando a gente gritava GOL e frases não muito elegantes como “chupa, Argentina”.

Coisas do futebol. E por falar em expressões de baixo calão, a frase acima foi a escolhida da maioria para estampar as milhares de mensagens SMS que cada um enviou no fim do jogo para os seus amigos. Porque se a gente aguentou provocação a semana inteira, essa era a hora certa de revidar. E nesse fluxo de mensagens pra lá e pra cá, a melhor de todas foi a enviada pela Nadja para a Ciana (ambas brasileiras): "A Argentina é igual ao Michael Jackson: anuncia show, vende ingresso e morre em casa".


Eu também recebi mensagens! E sobretudo respostas respostas simpáticas ou não tão simpáticas à minha frase de baixo calão. E nesse caso a simpatia – ou a falta dela – dependeu exclusivamente da nacionalidade. Exemplos abaixo.

Anamaria, brasileira
“Tomátela, Maradona”

Angi, colombiana
“Por suerte soy colombiana. Los argentinos son todos trolos”

Boris, argentino
“Las pelota, tuvieron suerte q nuetra defensa y nuetro arkero son unos pajeros. Alto gol les clavo Datolo, d Boca tenia que ser”

Caio, brasileiro
“Chuuupamela, Argentina”

Cecília, argentina
“Guachi!”

Diogo, brasileiro
“Agora festejamos sem sair na rua, haha”

Emiliano, italiano
“A mí lo decís? Yo gozo con la seleção”

Isabel, brasileira
“Brasil, sil, sil.”

Juan, argentino
“Anita, te devolvemos a Brasil!”

Leo, argentino
“Fila da p…”

Mariano, argentino
“Mala. Ni helado ni foto para vos”

Melina, brasileira
“Iuuuuu, segunda-feira de verde-e-amarelo!”

Murilo, brasileiro
“Ganhamosss”

Raquel, brasileira
“Bien!!!”

Rocío, argentina
“Anita guacha”

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