Médica intensivista é a nova blogueira da Tpm
Ser saudável dá trabalho. Com tantas novas informações e estudos médicos surgindo todos os dias, corremos o risco de ficarmos neuróticas com tantas instruções e regras para se seguir. Mas, calma. Segundo a nova blogueira da Tpm, a médica intensivista Mariana Perroni, 28 anos, nem tudo na medicina é tão certinho e indispensável.
Apaixonada pela profissão e pela escrita, Mari pretende contar no Palpitação. Discussões agudas sobre dilemas crônicos, um pouco da sua rotina nas UTIs dos hospitais Albert Einsten e São Luiz, dar algumas dicas de saúde sem paranoia e desmitificar algumas máximas que escutamos por aí.
Com a curiosidade de quem só conhece a rotina dos hospitais por séries de televisão, conversamos com a mais nova blogueira da casa.
Como surgiu a ideia de fazer o Palpitação. Discussões agudas sobre dilemas crônicos?
Agora, que terminei a residência, meu tempo livre aumentou bastante. Antes eu trabalhava de segunda a sexta em tempo integral e também nos fins de semana, seu eu quisesse complementar um pouco a renda, porque só ganhava uma bolsa do MEC de residente. [risos]. Escrever foi sempre algo que eu curti, a oportunidade de seminar esse conhecimento médico, de uma forma não tão certinha. Vejo muitos médicos com uma postura muito beatificada, muito certinha e às vezes o paciente fica até com vergonha e acaba mentindo para não se sentir mal [risos]. Isso acaba influindo diretamente no tratamento, porque a partir do momento em que o paciente não fala a verdade, fica bem difícil tratá-lo.
Você já teve outro blog?
Já tive um blog, que durou uns 10 anos da minha vida, que já saiu do ar, com uma abordagem diferente do que pretendo fazer agora. Era mais focado no meu cotidiano... Eu acabei o abandonando na época em que entrei no internato da faculdade e depois na residência.Também pela maturidade que eu tenho, acho que este novo vai ser diferente.
O cotidiano da UTI resulta em muitas histórias?
Inúmeras. Lido com pacientes que já estão no fim da vida, bem velhinhos, até catástrofes com jovens, como queimaduras, acidentes de carro, tentativas de suicídio. Às vezes a gente vive em uma bolha, em que vemos isso de longe. Essa profissão acabou quebrando essa ideia que eu tinha. Sem querer ser clichê, aquela coisa de dar bom dia ao Sol, mas estarmos vivos é praticamente um milagre...
O que as leitoras podem esperar do blog? Quais assuntos serão tratados?
Quero desmitificar todas essas fórmulas mágicas para resolver problemas, mostrar que a medicina é um trabalho de porcentagem, trabalhamos com o que é certo para geralmente 95% da população, mas que todo mundo é único, ninguém é uma máquina, e a medicina deve ser direcionada de acordo com as características de cada um, tanto biológicas quanto psicossociais e culturais. Isso é o mais importante. Eventualmente, pretendo dar dicas que acabem com mitos, que contestem esses testes que surgem na mídia e que no meio médico não está nem certo... Também algumas histórias, crônicas e textos sobre comportamento...
Seja bem vinda, Mariana! :-)