por Ana Manfrinatto

O que é que Gardel, Luca, um vice-presidente e eu temos em comum?

 

Num raio de 1 km está a casa onde Carlos Gardel morou (e que hoje funciona como um museu), o prédio onde o Luca Prodan viveu e a minha própria residência. O vice-presidente entrou nesse balaio de gato na semana passada, quando eu descobri que a minha roomate herdou o apartamento de seu tio, Carlos Humberto Perette, que vem a ser o 26º presidente da República Argentina, tendo exercido o seu mandato entre os anos de 1963 e 1966 ao lado do presidente Illia.

Parece que ele nunca morou aqui, já que a casa do Sr. Perette era um hotel. O apartamento era utilizado como uma espécie de escritório e vivia cheio de pilhas e mais pilhas de papéis. Nós também desconfiamos que ele o utilizava como garçonniere. Mas se ele definia os rumos da nação e/ou trazia as suas amantes para cá não importa. O que importa é que o bairro do Abasto é querido à beça!

Ele tem esse nome por causa do antigo mercado de frutas, que hoje em dia funciona como um shopping. Sua população é composta mais que nada por judeus e de peruanos e tem alguma referência ao seu morador mais ilustre, Carlos Gardel, em cada esquina. No entanto o “morocho del Abasto”, como também era conhecido, nunca cantou um só tango em homenagem ao bairro.

Foi preciso que um italiano viesse para cá para se “enamorar” por esse lugar e cantar uma música em homenagem a ele. “Mañana en el Abasto” é uma das minhas músicas preferidas do Sumo, banda de quem eu sou fã liderada por Luca Prodan, o italiano que eu mencionei anteriormente. Abasteenho, Melrose Place, e “o bairro”, assim como dizem os moradores de Higienópolis, são as formas como eu me refiro a este lugar.

E por mais que nem tudo sejam flores por aqui – outro dia, por exemplo, roubaram meu celular – eu adoro os domingos de sol em que eu posso fazer como Luca Prodan e bajar por el ascensor, caminar por las calles con árboles, e usar los lentes para el sol y para la gente que me da asco!

 

 

 

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