Toda forma de amor

por Camila Eiroa

A princesa e a costureira é o primeiro conto de fadas que retrata o amor entre duas mulheres. A autora, Janaína Leslão, falou com a Tpm sobre o livro

Tem conto de fadas novo nas prateleiras das livrarias e não, não é mais uma história bonitinha que se passa com um casal héterosexual. A princesa e a costureira chegou para quebrar todos os estereótipos de moças indefesas à procura de seus grandes salvadores. É o primeiro livro de Janaína Leslão, psicóloga atuante na área da saúde e militante feminista e LGBT desde 2002.

O livro conta a história da princesa Cíntia e sua irmã, Selene. O casamento da princesa com Febo está próximo, mas tudo muda quando ela se apaixona pela costureira Ishtar durante a procura de seu vestido. Essa mudança no rumo da história, embora tenha feito as duas personagens sofrerem muito, teve um final feliz. Selene e o príncipe que se casaria com Cíntia (que no final acabaram juntos) apoiaram e lutaram pelo amor das duas.

"A gente precisava de histórias diferentes. As mulheres sempre são vistas como rivais na disputa por um homem. Eu queria fazer uma história entre mulheres, com o protagonismo sendo delas e a história de amor vivida por elas. Essas histórias de amor existem e precisam ser contadas", pontua Janaína.

A autora começou a escrever a história em 2009, depois de muito se questionar sobre a representatividade de outros tipos de casais nas histórias infantis."Não tinham contos de fadas que retratassem a possibilidade de um final feliz em que os relacionamentos não fossem heterossexuais. E mais: sem a figura do príncipe encantado como salvador, que basta dar um único beijo na donzela para ela se apaixonar perdidamente", diz.

Durante cinco anos a autora buscou, incansavelmente, editoras que se interessassem em publicar seu escrito. Segundo ela, muitas nem sequer retornavam o contato. "Eu quase desisti". Depois de seis anos, A princesa e a costureira finalmente saiu do forno pela Metanoia, que está fazendo a pré-venda. O lançamento oficial será dia 26 de novembro, em Santos (SP), na Quarta Semana da Diversidade Sexual da cidade.

As ilustrações são de Júnior Caramez e fruto de uma longa pesquisa de Janaína. Para pagar os custos, foi criada uma campanha de financiamento coletivo que bateu a meta em uma semana. A repercussão positiva do livro é gigante, mais do que a própria autora esperava. "Estou recebendo cada depoimento lindo de quem se sente acolhido! A mensagem que eu quero passar é que todo mundo pode viver seu amor. É a compreensão do outro, ainda que a realidade dele não faça parte da nossa", finaliza.

 

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