No meu primeiro texto publicado em um jornal argentino, falo sobre Buenos Aires e a mania de achar que o que é do outro é sempre melhor!
Na semana passada me convidaram para escrever um artigo no jornal argentino La Nación. É que saiu um estudo dizendo o que os estrangeiros residentes na capital portenha mais curtem na cidade e precisavam de alguém de fora pra dar uma opinião.
Fiquei felizona de ver o meu primeiro texto publicado em um diario (na Argentina não se fala periodico) local, ainda mais na edição de domingo. Quis compartilhar com vocês, segue a minha própria e livre versão em português:
Amável, diversa e muito divertida
(O meu título original era o do post, “A grama do vizinho é sempre mais verde”. Mas como eles só mudaram isso, tá tudo certo!)
“Mas... o que você tá fazendo aqui se a gente morre de vontade de ir pra lá?”. Essa é uma das primeiras frases que eu escuto depois que o meu interlocutor se dá conta de um sotaque estranho no meio de tantas gírias portenhas que eu aprendi a falar nos meis cinco anos de Buenos Aires.
Acho super simpático que os argentinos tenham lindas recordações das férias em Bombinhas, Floripa e Búzios. Do mesmo jeito que, pra eles, é incompreensível que alguém saia de um país com praias alucinantes, gente bacana e, informação não menos importante, cinco estrelas na camisa e sexto lugar no ranking das economias mundiais. O que acontece é que eu venho de São Paulo, cidade com mais de 11 milhões de habitantes, trânsito, violência, caos. Ou seja, o contrário de um “all inclusive” com axé music.
“Mas aqui o trânsito e a violência também são impossíveis”. Não é assim. Valorizo o fato de poder pegar um ônibus de madrugada, de contar com uma das maiores frotas de táxi do mundo, de que o metrô me leve ali rapidinho. Quando conheci o Guia T achei que era coisa de primeiro mundo: a cidade estava nas minhas mãos! Em São Paulo, mais de uma vez, deixei de fazer alguma coisa porque não tem ônibus de madrugada, os táxis são caros e caminhando muitas vezes você não consegue chegar no seu destino porque tem uma ponte ou rodovia não apta para pedestres no meio do caminho.
Acreditem ou não, Buenos Aires é uma cidade amável. Dá pra fazer hora em uma praça. Passar a tarde lendo o jornal em um bar tendo consumido apenas um café. Existem um sem número de festivais gratuitos e, se não tiver grana, no máximo você pula a catraca e não pega nada.
O metrô de São Paulo é moderno e limpo mas, na hora do rush, você pode esperar mais de dez trens para poder entrar. O de Paris funciona super bem mas uma estação pode estar fechada por ameaça de bomba. O de Roma tem só duas linhas porque a cidade está cheia de ruínas e o de Londres é tão emblemático quanto caro. O de Nova York eu não conheço e toda essa analogia dos metrôs é pra mostrar que, como a gente fala no Brasil, a grama do vizinho é sempre mais verde que a sua!
Pra ler o texto original, em espanhol, clica aqui, ó!
Para saber o que o Guia T, achei esse textinho explicando. Ela é tão importante que, não à toa, o título é “A Bíblia dos ônibus em Buenos Aires”.