O chef que tem a receita do mundo novo
Na primeira vez em que o chef de cozinha e empreendedor social David Hertz, 43, esteve na favela do Jaguaré, em São Paulo, viu casas fechadas e ruas vazias, um sinal de que os moradores trabalhavam longe dali. Hertz também reparou que muitos dos que permaneciam estavam em situação de vulnerabilidade social. “Lá, soube que queria ser um canal de transformação.” Em 2006, Hertz fundou a Gastromotiva, para promover educação e empregabilidade para pessoas de baixa renda. O projeto social tem, desde então, capacitado gratuitamente jovens de periferia na arte de preparar alimentos. Já foram mais de 2 mil pessoas em diferentes capitais do país e na Cidade do México. Mais recentemente, a Gastromotiva cruzou o Atlântico e aportou na África do Sul. A internacionalização é resultado de um movimento liderado por Hertz de apresentar em fóruns globais o potencial da gastronomia como ferramenta de transformação social. Este ano, o chef esteve pela terceira vez no Fórum Econômico Mundial, na Suíça. São temas centrais na atuação da Gastromotiva o desperdício de alimentos e o bem-estar e a saúde das pessoas. Hertz preocupa-se com os altos índices de obesidade nas comunidades socialmente mais vulneráveis. “A alimentação saudável tem a ver com o acesso a ingredientes de qualidade. Mais barato, o alimento industrial acaba sendo mais acessível aos mais pobres.” A Gastromotiva ensina o valor do comer bem e mostra que toda pessoa pode multiplicar aprendizados. “Vejo na Gastromotiva pessoas transformadoras o tempo todo. Nossa atuação pode ajudar a mudar o mundo.”