Fundadora da ONG Amigos do Bem

Imagine o que significa doar uma casa nova, com mobília e enxoval, a uma família sertaneja que nunca tinha visto uma escova de dentes. Imagine entregar, junto com a casa, a água encanada, o saneamento básico e a rede elétrica. Acrescente a esse sonho uma horta, uma padaria, centros educacionais, posto de saúde.

Imaginou? Agora multiplique isso por quatro. É essa a contribuição de Alcione de Albanesi em pleno sertão nordestino: quatro vilas inteiras, que ao todo reúnem mais de 350 casas e beneficiam mais de 60 mil pessoas todo os meses. É claro que ela não faz tudo isso sozinha.

Hoje, a Amigos do Bem, ONG que fundou e preside, contabiliza mais de 5 mil pessoas que trabalham voluntariamente. Mesmo porque, mãe de quatro filhos e presidente da fabricante de lâmpadas FLC, Alcione tem outras incumbências. Mas a Amigos do Bem é mesmo sua grande paixão. Tudo começou em 1993, quando ela reuniu um grupo de amigos e propôs que naquele ano promovessem um Natal diferente, arrecadando doações para levarem ao semi-árido nordestino. Na data marcada, embarcaram com 1.500 cestas básicas, que foram distribuídas em comunidades miseráveis atingidas pela seca extrema na Paraíba e em Pernambuco. Nascia ali a semente de uma transformação. A ação social se repetiu da mesma forma durante 12 anos. Mas, a cada visita, os amigos do bem percebiam que era preciso ir além. Bancar o Papai Noel, embora gratificante, era uma gota num deserto. Em 2005, surge a Amigos do Bem, com uma proposta radical: levar a famílias completamente desassistidas toda a infra-estrutura necessária para uma vida digna. O projeto teve início na Serra do em Catimbau, em pleno sertão pernambucano, onde foram erguidas as 62 casas que constituem a primeira vila agrícola da ONG. As casas de seis cômodos são de alvenaria e contam com infra-estrutura completa: saneamento básico, eletrificação de ruas e estradas, sede administrativa, padaria, farmácia, mercearia, centro educacional, área de lazer, cabeleireiro, consultório médico, odontológico, telefone público, ambulância de plantão, horta comunitária. A ação não se resume à doação das casas e da infra-estrutura, mas também ao desenvolvimento de atividades econômicas que possam gerar renda àquelas famílias, como o plantio de caju para beneficiamento da castanha. Para isso a ONG fornece sementes e ensina técnicas de plantio aos agricultores. Dali, a ação se expandiu. Primeiro para a vizinha Inajá, na divisa com Alagoas. Depois, para o Ceará e para Alagoas.