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O crítico gastronômico Jota Bê almoça merenda de escola estadual de SP

Redação
Camila Eiroa

por Redação
Camila Eiroa

”A ideia de comer isso é aterrorizante”

A merenda escolar do Estado está no centro de um escândalo de corrupção que envolve fraudes e propinas. O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez, e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo do PSBD, Luiz Roberto dos Santos, foram citados como beneficiários do esquema que envolve fraude nas licitações de 22 cidades paulistas. Ambos negam as acusações.

ASSISTA AO VÍDEO:

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Em meio às notícias de superfaturamento e falta de merenda nas escolas, milhares de alunos têm saído às ruas e promovido ocupações para protestar contra a administração do governador de São Paulo, Geraldo Alckmim.

Mas o que comem os estudantes das escolas estaduais de São Paulo?

Convidamos o crítico gastronômico Jota Bê, que estudou na rede pública durante a adolescência, a almoçar por uma semana a refeição servida nas escolas.

Com a ajuda de alguns alunos, o Trip TV teve acesso às refeições e mostra que, quando tem merenda, ela é intragável: "Pior que isso só se tiver estragado".

** Atualizado em 20/05

Após a publicação do vídeo, a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo entrou em contato com o Trip TV afirmando que o vídeo “Qual é o gosto da merenda” não é real e que não reconhece os alimentos exibidos como sendo da rede de ensino pública gerida pelo governo do PSDB. Declarou, em nota, que o Trip TV exibiu "inverdades produzidas em um estúdio" e solicitou, por telefone, que a redação identificasse quem são os responsáveis pelo acesso à merenda. Escreveu: "É lamentável que, sem qualquer critério de apuração, o Trip TV leve a público um material que não condiz com a realidade das refeições servidas diariamente nas escolas estaduais".

É MERENDA, SIM
O Trip TV reafirma que todas as merendas avaliadas pelo crítico Jota Bê vieram de uma das maiores escolas estaduais do centro expandido de São Paulo, em condições semelhantes às que são servidas aos estudantes – senão melhores, já que vários jovens relataram não ter onde sentar na hora das refeições e que há pouco tempo para comer.

Jota Bê provou os alimentos todos os dias, poucos minutos após os alunos serem servidos, e teve total liberdade para dar seu veredicto. O Trip TV se reserva o direito de não identificar alunos e funcionários que auxiliaram na produção do vídeo já que a colaboração aconteceu sob a condição de não terem seus nomes revelados. Eles temem represálias.

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DENTRO DO REFEITÓRIO
Uma das milhares de páginas que compartilharam o vídeo foi o Diário da Merenda, que há meses reúne imagens das refeições feitas pelos próprios alunos em diversas escolas públicas. Veja abaixo algumas imagens de merendas de escolas estaduais de São Paulo feitas de dentro dos refeitórios e destacadas pela página nas últimas semanas:

Abaixo a íntegra da nota divulgada pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) ao Trip TV:

"Reportagem e vídeo da Trip TV intitulados de 'Qual é o gosto da merenda?' não são reais e desrespeitam o trabalho diário das merendeiras da rede estadual de ensino. Além disso, mostram inverdades produzidas em um estúdio, como a mistura de ingredientes em recipientes que não estão identificados, afirmam que são servidas porções mínimas aos estudantes e não identificam de qual instituição o alimento foi retirado. 

As refeições não são servidas dessa maneira, por isso as escolas contam com balcões térmicos ou os itens servidos a cada dia são separados em diferentes panelas e recipientes.

Mais: não houve anteriormente, à Educação, qualquer pedido da Trip TV ou do crítico Jota Bê para visitas às escolas estaduais. O especialista não esteve nas escolas, assim como acontece em restaurantes, o que prejudica a veracidade da exibição. A reportagem também não deu a oportunidade, antes da veiculação, da Secretaria da Educação se manifestar.

É lamentável que, sem qualquer critério de apuração, a Trip TV leve a público um material que não condiz com a realidade das refeições servidas diariamente nas escolas estaduais."

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