Por incrível que pareça você pode aprender muitas coisas observando suas fezes
“Pelas leis da natureza todo homem é um produtor e um consumidor, ou seja, se ele consome ele também produz” - Paul Theroux.
“You are what you eat”, can be inverted and thus interpreted, “You are what you shit”.
Prestar atenção nas suas fezes pode ser tão útil quanto checar se está com febre ou com a pressão alta. Pelo cocô é possível descobrir alguns problemas da sua alimentação, da sua saúde, dos seus intestinos e até mesmo de seus níveis de stress e ansiedade.
No momento que o alimento entra na boca, o organismo inicia um processo ultra complexo para transformá-lo em uma massa pastosa chamada “quimo”.
A mastigação, a saliva, a peristalse (contrações involuntárias dos músculos gastrointestinais), as bactérias, o ácido clorídrico, as enzimas digestivas, a bile e outras secreções são responsáveis em transformar os diversos alimentos nessa massa com aparência de sopa de ervilha.
Enquanto acontece a absorção dos nutrientes ao longo do tubo digestivo, os “restos” continuam seu caminho em direção à saída.
No intestino grosso as sobras se misturam com água e se forma o bolo fecal – o cocô. Que é constituído de água, fibra insolúvel, alimentos não digeridos (casca de milho e sementes), células mortas, bactérias vivas e mortas, secreções e bile.
As células vermelhas mortas também são eliminadas pelas fezes e são as responsáveis pela coloração marrom.
Se o processo acontece como esperado o final é uma visita saudável ao banheiro. Cada pessoa possui suas particularidades quanto ao seu “hábito intestinal” com suas devidas variações de freqüência, horário, consistência, odor e cor.
Mas há uma expectativa e um consenso de como os dito cujos devem se apresentar. As fezes devem ter uma consistência cilíndrica e firme, porém macias, serem “encorpadas”, variar de marrom a marrom claro e ter um cheiro característico, mas não fétido. E, devem “sair” sem muito sacrifício.
Nem sempre isso acontece. E vários tipos, formas, cores e odores de cocô podem aparecer:
O cocô pode ser bem escuro, quase preto, quando sangue já seco de um possível sangramento interno está presente.
Fezes com muco e com um sangramento mais intenso podem indicar uma alteração mais séria como hemorróidas, colite ou até mesmo câncer e é melhor procurar um médico.
Dor ao fazer cocô também pode ser sinal de hemorróidas ou falta de fibras.
Quando você toma muito vinho tinto as fezes também podem ficar bem escuras. Alimentos industrializados com corantes muito fortes e intensos podem deixar o cocô mais “colorido”. Assim como a beterraba deixa o cocô vermelho.
Se o cocô está verde claro pode ser um sinal de excesso de açúcar, frutas e vegetais e uma falta de grãos ou sal.
Fezes amareladas podem indicar uma infecção por um parasita chamado giárdia, que causa uma diarréia intensa e amarela.
Quem come muitas folhas e verduras escuras faz cocô verde escuro. Cocô verde também pode ser causado por excesso de ferro na dieta, vindo de complementos alimentares, por exemplo.
Fezes muito gordurosas são típicas de má absorção e se forem seguidas de muitos gases podem indicar uma má absorção de carboidratos.
Com relação ao seu formato, cocôs tipo “lápis”: finos e compridos, podem indicar que alguma coisa interna está atrapalhando sua passagem ou que há um baixo consumo de fibras.
Fezes amolecidas e pastosas e com pedaços de alimentos podem indicar uma intoxicação alimentar, intolerância a lactose, uso de antibióticos e antiácidos e até situações de muita ansiedade.
Se o cocô se parece com cocô de cabrito, em bolinhas pequenas e ressecadas, pode ser um sinal de intestino preso. As causas são geralmente falta de fibras, água e consumo em excesso de gordura, fast foods e alimentos industrializados.
Se o cocô for muito fedido pode ser um sinal de desequilíbrio da flora intestinal (as bactérias saudáveis que moram no intestino e ajudam na digestão) ou um excesso de proteína animal que pode “putrefar”: apodrecer, dentro do intestino.
Alguns alimentos contêm compostos de enxofre, como o repolho e os puns podem ter um cheiro bem forte. Uma pessoa normal solta pum de 10 a 15 vezes durante o dia, mesmo que não os sinta.
Quando alguma coisa não vai bem certamente você vai sentir logo: dores, gases, cólicas, barriga inchada e uma sensação geral de desconforto são sintomas tanto de diarréia como de intestino preso.
Nosso organismo é a máquina mais perfeita que existe e, quando pede uma coisa deve ser atendido. O organismo vai se acostumando com as “negações” e “esperas” e depois de um tempo começa a falhar, causando problemas mais sérios. Portanto, se vier aquela vontade sobrenatural de fazer cocô, pare o que estiver fazendo e atenda seu intestino.
Teste se o seu cocô é saudável:
Ele bóia?
- Afundam ( ) 1
- Bóiam ( ) 2
Com que frequência você faz cocô?
- Uma vez por dia ou dia sim, dia não ( ) 1
- A cada 2 ou 3 dias ( ) 2
Qual a consistência?
- Macia ( ) 1
- Dura ( ) 2
Qual a cor do seu cocô?
- Amarelo ( ) 1
- Marrom ( ) 2
Como é o cheiro?
- Muito fedido ( ) 2
- Cheiro de cocô ( ) 1
Qual é o formato?
- Tipo cabrito ( ) 2
- Pastosa ( ) 1
- Tipo banana ( ) 1
- Líquidas ( ) 2
Resultados:
- 6 a 8 pontos – você parece bem saudável
- 9-10 pontos – Preste mais atenção. Aumente o consumo de frutas e vegetais
- 11-12 pontos – Cuidado! Talvez seja interessante procurar um médico ou nutricionista.
ATENÇÃO: este não é um artigo médico
Manoela Figueiredo é nutricionista formada pela Universidade Anhembi Morumbi, e jornalista formada pela PUC-SP. É coordenadora do Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade (GENTA), uma das idealizadoras da Nutrição Comportamental e autora do livro Nutrição comportamental.