Significado e a geração de valor

por Paulo Lima
Trip #215

Qual é hoje exatamente o significado de riqueza, de trabalho, de geração de valor, de lucro?

Já tratamos de trabalho na Trip outras vezes. Mas é certamente a primeira edição em que fazemos isso enquanto finalizamos o nosso projeto de televisão. Fazer um programa para a TV dá muito trabalho. Mas dá tanto prazer que não cansa. O motivo parece ser mesmo o significado. As centenas de horas de captação e edição de imagens, sons, vinhetas e outras coisas ficam leves e rolam macias, porque em nenhum segundo falta o tal significado. Aquilo que parece ser a grande chave para que a noção de trabalho se livre da carga etimológica que ainda carrega (pra quem não sabe, a palavra trabalho deriva do latim tripalium, um instrumento de tortura usado para impingir sofrimento a escravos) e ganhe a leveza e a graça que as pessoas mais exigentes parecem estar perseguindo hoje com todas as suas forças. Acreditar que os frutos positivos daquilo que fazemos será colhido não só por nós, mas pelo conjunto, pelo todo, pelo outro.

Se você ainda tem alguma dúvida com relação ao desmonte dos modelos anteriores de relações entre pessoas, sistemas produtivos, dores e sacrifícios em nome da acumulação e da incerta possibilidade de um desfrute hipotético num tempo longínquo, pergunte ao responsável pela chamada “área de atração e retenção de talentos” de uma grande corporação. Se ele for de fato bom, não está se deixando enganar pelas estatísticas que ainda exibem multidões nas filas dos processos seletivos brigando pelas vagas oferecidas a quem busca ascender socialmente a qualquer custo através de uma posição nos escalões mais ao sul dos organogramas. Se for competente, há muito já lida com a inexorabilidade do fato de que cada vez menos os pacotes de bônus, benefícios, planos de carreira e outros modelos mais ou menos criativos de pagamento conseguem maquiar a mais ampla e escancarada falta de significado que, mais cedo ou mais tarde, toma a alma de jovens (e velhos) profissionais, estejam eles enclausurados em baias ou jogados nas suas versões mais modernas: as salas com pufes coloridos, redes de balanço, mesas de pingue-pongue, videogames, cadeiras de shiatsu e máquinas que entregam refrigerantes e salgadinhos grátis.

Qual o significado de uma empresa? Dar os resultados mais agressivos aos acionistas, desde que paguem impostos e respeitem as leis, ou, ao contrário, conseguir encontrar o melhor ponto de equilíbrio entre os interesses de todos os seus stakeholders (colaboradores, vizinhos, fornecedores, governos, acionistas, comunidade etc.), como definem os pioneiros do chamado capitalismo consciente? E, afinal, pode existir algo que mereça ser chamado de capitalismo consciente? A palavra sustentabilidade faz algum sentido no mundo dos negócios? Vale trocar a sanidade mental e física e o seu tempo vivo hoje por uma eventual e remota possibilidade de estabilidade financeira no futuro? Existe estabilidade? Existe futuro ou é só o agora?

Eliezer Batista tem 88 anos, Abilio Diniz tem 75. O Lama Michel Rimpoche tem 33, Amendoim vai fazer 40, Priscila, Sabrina, Débora, Patrícia Moreira e Patrícia Braga, publicitárias, têm entre 22 e 35 anos. O nadador medalhista olímpico Daniel Dias tem 24. Eles fazem parte da lista eclética e ecumênica de convidados que nos ajudam nesta Trip a tentar responder qual é hoje exatamente o significado de riqueza, de trabalho, de geração de valor, de lucro. O que estamos fazendo com nosso tempo nesta Terra? Qual o significado?

Paulo Lima, editor

P.S.: Por falar na combinação deliciosa e emocionante entre muito trabalho e enormes doses de prazer, dia 24 teremos a sexta edição do Prêmio Trip Transformadores. Acompanhe pelos nossos sites e redes sociais, pelo seu celular, pelo rádio e agora, claro, pela TV.

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