Acompanhe os boletins do nosso repórter especial, Fernando Costa Netto, enviado ao Oriente Médio
Por Fernando Costa NettoCHECK INNa véspera de embarcar para Tel Aviv, assisti ao belíssimo filme Exodus, de Otto Preminger, baseado no romance de Leon Uris, belo programa para ajudar um pobre insone a capotar no sofá. O enredo da fita é ambientado no início dos anos 40 e conta a história de judeus refugiados da Segunda Guerra que vão parar em Chipre, no Mediterrânero, ilha que durante anos esteve dominada pelos ingleses. Naquele época, Israel ainda não existia como uma nação independente, os judeus vivam esparramados pelo mundo todo e eram perseguidos como cachorros de rua na Europa. No filme, amontoados em acampamentos, os sobreviventes se recuperavam dos últimos acontecimentos nos campos de concentração de Auschiwitz e aguardavam uma definição sobre o nascimento do Estado de Israel. Antes de pegar o avião da Lufthansa em direção a Tel Aiv, também procurei escutar as colônias em São Paulo e acompanhar os acontecimentos recentes a respeito do ódio que permeia os ares nesta parte do mundo. Conversando com árabes e judeus, a informação de que eu estaria viajando deve ter se espalhado pela cidade e confesso que fiquei espantado com as ligações que recebi dias antes de embarcar. Pessoas que eu nunca vi mais gordas se mostraram muito preocupadas com o teor da reportagem da TRIP e ficou claro para mim que a inquietude é reflexo dos incidentes das últimas semanas e da atual política linha dura do presidente israelense Ariel Sharon. Que árabes e israelenses de São Paulo nunca foram muito chegados, isso eu já sabia. Principalmente os mais antigos que sofreram na pele as perseguições vindas da complexa situação no Oriente Médio que remonta milhares de anos de tiros e pedradas. Mas descobrir que adolescentes, vizinhos de comércio do bairro do Brás estariam mudando de calçada para não cruzar olho com olho, esta é uma novidade lamentável.O repórter Fernando Costa Netto viaja a convite da Lufthansa, Linhas Aéreas Alemãs. FOREGNEIRAmigos, cheguei. Apesar da larga distância, a viagem foi um cruzeiro. Uma geralzinha no aeroporto de Tel Aviv e a mala cheia de filmes pipocou aos olhos da policial feminina. A fila para os non residents estava longa. Todo mundo com pressa, naturalmente. As palavras óbvias, considerando o aquecimento dos ânimos, saíram secas e rápidas: What your porpose in Israel? Where you gonna stay?... As repostas escorregaram na minha língua... I am a journalist and it is my first time in the country. Empacotei as minhas respostas com um sorriso latino e... pro quartinho. Não colou! Que saco! Àquela hora da manhã, sentado com o olho ainda seco do ar do avião, e tive de ficar mais uma meia hora na frente do inspetor quase mudo que ia e voltava com o meu passaporte na mão. Mas faz parte do business. Tudo certo.Tel Aviv é uma cidade muito agradável. Uma avenida contorna a praia, o vento maral tá forte e fazendo a festa dos windsurfistas. A temperatura deve estar entre 20 e 25 graus. Muita gente jovem -, e como são fisicamente parecidos com a gente aí do Brasil! Alguns helicópteros verde-oliva passam de hora em hora sobre o mar, e parece que não é para ver se tem banhista seafogando, não. Devem estar querendo saber se tem árabe na área. Tudo muito agradável por enquanto. Amanhã estou seguindo para Jerusalém. Deve ser há uma hora de carro daqui. Lá, vou montar o QG e iniciar os trabalhos. Fiquem bem. Shalom. SalamaleikunF.O repórter Fernando Costa Netto viaja a convite da Lufthansa, Linhas Aéreas Alemãs.Fale com ele: fcnetto@uol.com.brMais boletins: Boletim II: Paz - a perder de vista 18/05Boletim III: De gaiato no escritório de Arafat - 18/05