Inquietante Inquietação
Tudo que é interessante é também extremamente perigoso. O enigma chama muito mais nossa atenção que a solução. Perigoso para o que é instituído e consagrado, para os que nada têm a dizer e assim mesmo dizem em alto e bom som. A inquietante inquietação é a história de nossa intranqüilidade em ser sem saber o que vamos sendo. O negocismo predomina na paisagem humana e nos remete aos simplismos óbvios. Desvincula o que vivemos de ansiedade e pressão interior, do que dizem ser a vida.
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Dogmáticas e Incontestáveis
Quando Thomaz Alva Edison apresentou o fonógrafo para a sociedade científica de Paris, eminente professor de Física da Sorbonne o chamou de ventríloquo. Na sua imensa busca através de experimentos atrás do material cujos filamentos acenderiam a lâmpada, descobrira que o acetato era capaz de reproduzir sons. Daí para montar o fonógrafo foi um pulo. Certezas adquiridas sempre conduzem ao conformismo das idéias. O culto professor não conseguia conceber algo novo em seu imaginário petrificado por certezas. Tranquilamente prefiro questionamento cheio de dúvidas, às certezas dogmáticas e incontestáveis.
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Torres e Montanhas
Talvez a realidade humana seja voltar perpetuamente para as mesmas discussões e problemas, obcecados que somos, sem jamais nos contentarmos com os resultados. Às vezes erguemos torres e montanhas; noutras cavamos minas e galerias internas. Seria preciso gostar mais de viver do que entender o sentido do porque estar vivo. Conseguiríamos? Estamos, atualmente, em um trajeto sem margens, como que flutuando na atmosfera e em constante mudança. O conhecido e a vida cotidiana já não se tocam e não têm mais relação.
Em meio a isso tudo, vamos vivendo o que vamos vivendo.
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Luiz Mendes
10/02/2010.