Olhei meu ser, e de lá retornou um olhar de quem me conhece no perigo de ser eu mesmo
PENSAMENTOS
Arrisca teus passos por caminhos que
Ninguém passou; arrisca tua cabeça pensando
O que ninguém pensou.
Pixação no Teatro Odeon em Paris, 1968.
1) Nossa vida mesma é um acontecimento secreto. Somos solidão e vivemos mergulhados em nossas reflexões, absurdos, insanidades, transgressões e deselegâncias com nosso estilo pessoal e intransferível.
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2) Olhei o fundo sem fim de meu ser perdido, e de lá retornou um olhar duro de quem me vê e me conhece no perigo de ser eu mesmo.
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3)Sempre achei que um homem preso possuía peso e honra; tornava-se grave e denso de existência e história.
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4) Nascemos dos outros, aprendemos quase tudo o que sabemos (falar, andar, comer, vestir, etc.) com os outros e, no entanto, ainda não aprendemos o valor de conviver com os outros.
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5) Liberdade é uma coisa que a gente tem que aprender a se bastar sem ela para saber viver com ela.
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6) Não deixe que tua paz dependa do que não depende de você.
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7) A voz do vento me diz das qualidades que não possuo, dos inimigos que jazem esquecidos; das dores que já passaram e de uma compaixão humana demais para ser verdadeira.
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8) Viver é estar tentando entender o que esta acontecendo a seu redor.
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9) Estiquei ao máximo a ponta de meus nervos tangenciando o abismo como uma cobra estrangulada. Essa era minha selvagem maneira de lidar com a dor.
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10) Quase tudo que é anárquico, caótico e desordenado, me desperta profundo interesse. Principalmente quando não tem sentido. Sempre penso que pode ser daí, do diferente, alternativo, daquilo que não se encaixa, é que provenha alguma coisa que faça sentido.
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11) Vivemos obrigados a esconder nossos sentimentos. Supervalorizamos o controle social para nos proteger e assim renunciamos à liberdade em troca de segurança. Vivemos em busca de suprimir instintos que a natureza nos dotou e, em troca, desenvolvemos preconceitos e idiossincrasias sociais. Provavelmente necessitamos de revoluções individuais para, quiçá um dia, viabilizar uma revolução coletiva.
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12) Os problemas que ocorrem na existência parecem que não acontecem para serem solucionados, dada a continuidade de sua fluência. Acho que eles existem unicamente para gerar tensão. Tensão que comunica o dinamismo da vida à essa monotonia desagregadora a que somos obrigados.
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13) Era preciso escolher, e eu escolhi. Escolhi lutar pelo que acredito. E isso deu sustentação e consistência à minha vida. Antes era uma massa amorfa de conhecimentos deflagrados, esparramados no ar feito purpurina. Acho que se não me tornei alguém de quem possa me orgulhar, pelo menos já não me envergonho mais de mim.
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14) Não podemos nos atrever a ser o que somos de verdade. Sairíamos do comum e penetraríamos no imponderável. Liberdade talvez seja um devir, um nunca chegar.
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15) Acho que o mais certo é se pensar que de fracasso em fracasso, incansável e persistentemente, fomos vencendo porque tudo foi sedimento a nos formar no que somos.
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Luiz Mendes
23/12/2009.
