Irmãos Pandolfo inauguram exposição em Madri
POR CIRILO DIAS
Enquanto o nosso querido prefeito Gilberto Kassab insiste em "limpar" os grafites da cidade de São Paulo com tinta cinza, Otavio e Gustavo Pandolfo, Os Gêmeos, aportam em Madri para inaugurar mais uma exposição.
"Sonhei que tinha sonhado" traz os famosos personagens de rosto amarelo estampados em portas, armários, utensílios de cozinha, e algumas instalações multimídias.
De Barcelona, por telefone, Gustavo Pandolfo trocou uma idéia com a Trip.
Como foi que surgiu a idéia de realizar esta exposição?
Partiu de um convite da galeria Pilar Parra & Romero. Eles conheceram nosso trabalho através da galeria Fortes Vilaça(São Paulo) e da Deitch Projetc (Nova Iorque). Eles queriam fazer uma exposição nossa aqui na Espanha e foi bem simples. Como estava rolando a A Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madri (Arco), aproveitaram a época da feira. Foi bacana porque além da exposição solo nossa, rolou também no estande deles e da Fortes Vilaça na Arco.
E a inspiração veio de onde?
O tema da exposição na verdade é uma frase de uma música do Siba (Siba e Fuloresta). A gente já vem trabalhando meio que em parceria, fizemos as artes do último disco dele....
E como foi desenhar em móveis, órgãos?
Ultimamente a gente vinha experimentando bastante como usar o tridimensional em nossas obras, e coisas ligas à música. Não tocamos nenhum instrumento mas gostamos muito de músicas experimentaris, do trabalho do Siba e a Fuloresta, que acho que tem uma coisa muito raiz do nosso país, muito dessa coisa de improviso. E o nosso trabalho é muito influenciado por isso, e a gente tem que estar tentando colocar este universo dentro do nosso trabalho, colocar som nas instalações, fazer as pessoas interagirem com isso. Na instalação "O músico", as pessoas podem ir e tocar o órgão que ele fica ligado nas caixas de som.
E como foi a repercussão da exposição?
Foi super positiva. Montamos tudo no sábado, ia abrir na terça-feira, e no sábado mesmo todas as peças já haviam sido vendidas, antes de abrir a exposição. É bem legal, ficamos todos surpresos, como era época de Arco, vários colecionistas do mundo entraram em contato com a galeria e compraram tudo.
E tem previsão dela vir pro Brasil?
Não tem. Parte dessa esposição veio de um museu da Holando, o Het Domain, e depois iria para Nova Iorque, se todas as peças não tivessem sido vendidas, então vamos montar uma nova lá em julho. No Brasil por enquanto não tem previsão.
E o que você acha dessa atitude da Prefeitura de São Paulo "limpar" os grafites com tinta cinza?
Achamos bem triste na verdade. É engraçado a gente ver o trabalho que nasceu nas ruas de São Paulo, pois nosso trabalho nasceu daí, e depois ser convidado para fazer exposições, as pessoas reconhecerem isso como uma forma de arte, e você faz o mesmo trabalho dentro de uma galeria de arte contemporânea - que a gente não chama de grafite quando é em galerias - com os mesmos artistas, mesmo tipo de pintura, é vendido, tem o respeito que tem, e em São Paulo isso passa despercebido. A gente trabalha com uma das melhores galerias da América Latina, que é a Fortes Vilaça, o mundo da arte valoriza, só que a cidade, a prefeitura não quer saber. O Lorde de Glasgow pede pra você fazer um trabalho num castelo na Escócia, coloca a bandeira do Brasil no topo do castelo, uma puta homenagem para o Brasil, e o próprio Brasil não reconhece isso como arte.
Triste né?
Isto é o retrato de onde a gente vive, Em São Paulo acontece isso porque é o retrato de quem governa, de quem toca a cidade, então é difícil, você vai lutar contra isso? A gente sempre fez um trabalho consciente na rua, de não prejudicar ninguém, de querer embelezar a cidade, presentear com arte, cultura, com uma coisa que as pessoas gostam, até a polícia. Só que está sofrendo essa bobeira de apagar e pintar tudo de cinza.
Alguma solução que agrade prefeitura e grafiteiros?
Eu acho que São Paulo deveria ser como sempre foi. Não existir repressão contra esse tipo de arte, pois existem tantos outros problemas na cidade, que a prefeitura deveria focar e cuidar, muito mais importante do que pintar grafite. Eles deveriam focar essa energia e dinheiro em outras coisas que são mais úteis. Estão gastando dinheiro, mão-de-obra e tempo para poder apagar uma obra de arte. Estão apagando um sonho de um cara que saiu lá da periferia, sonhando que um dia o trabalho dele possa ser visto, e que possa acontecer a mesma coisa que aconteceu com a gente.
Se você estiver de passagem pela capital espanhola, dá uma passada na Pilar Parra & Romero Gallery. A exposição acontece até o dia 31 de março.
Mais infos em: http://www.parra-romero.com/html/inicio/inicio.htm
Enquanto o nosso querido prefeito Gilberto Kassab insiste em "limpar" os grafites da cidade de São Paulo com tinta cinza, Otavio e Gustavo Pandolfo, Os Gêmeos, aportam em Madri para inaugurar mais uma exposição.
"Sonhei que tinha sonhado" traz os famosos personagens de rosto amarelo estampados em portas, armários, utensílios de cozinha, e algumas instalações multimídias.
De Barcelona, por telefone, Gustavo Pandolfo trocou uma idéia com a Trip.
Como foi que surgiu a idéia de realizar esta exposição?
Partiu de um convite da galeria Pilar Parra & Romero. Eles conheceram nosso trabalho através da galeria Fortes Vilaça(São Paulo) e da Deitch Projetc (Nova Iorque). Eles queriam fazer uma exposição nossa aqui na Espanha e foi bem simples. Como estava rolando a A Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madri (Arco), aproveitaram a época da feira. Foi bacana porque além da exposição solo nossa, rolou também no estande deles e da Fortes Vilaça na Arco.
E a inspiração veio de onde?
O tema da exposição na verdade é uma frase de uma música do Siba (Siba e Fuloresta). A gente já vem trabalhando meio que em parceria, fizemos as artes do último disco dele....
E como foi desenhar em móveis, órgãos?
Ultimamente a gente vinha experimentando bastante como usar o tridimensional em nossas obras, e coisas ligas à música. Não tocamos nenhum instrumento mas gostamos muito de músicas experimentaris, do trabalho do Siba e a Fuloresta, que acho que tem uma coisa muito raiz do nosso país, muito dessa coisa de improviso. E o nosso trabalho é muito influenciado por isso, e a gente tem que estar tentando colocar este universo dentro do nosso trabalho, colocar som nas instalações, fazer as pessoas interagirem com isso. Na instalação "O músico", as pessoas podem ir e tocar o órgão que ele fica ligado nas caixas de som.
E como foi a repercussão da exposição?
Foi super positiva. Montamos tudo no sábado, ia abrir na terça-feira, e no sábado mesmo todas as peças já haviam sido vendidas, antes de abrir a exposição. É bem legal, ficamos todos surpresos, como era época de Arco, vários colecionistas do mundo entraram em contato com a galeria e compraram tudo.
E tem previsão dela vir pro Brasil?
Não tem. Parte dessa esposição veio de um museu da Holando, o Het Domain, e depois iria para Nova Iorque, se todas as peças não tivessem sido vendidas, então vamos montar uma nova lá em julho. No Brasil por enquanto não tem previsão.
E o que você acha dessa atitude da Prefeitura de São Paulo "limpar" os grafites com tinta cinza?
Achamos bem triste na verdade. É engraçado a gente ver o trabalho que nasceu nas ruas de São Paulo, pois nosso trabalho nasceu daí, e depois ser convidado para fazer exposições, as pessoas reconhecerem isso como uma forma de arte, e você faz o mesmo trabalho dentro de uma galeria de arte contemporânea - que a gente não chama de grafite quando é em galerias - com os mesmos artistas, mesmo tipo de pintura, é vendido, tem o respeito que tem, e em São Paulo isso passa despercebido. A gente trabalha com uma das melhores galerias da América Latina, que é a Fortes Vilaça, o mundo da arte valoriza, só que a cidade, a prefeitura não quer saber. O Lorde de Glasgow pede pra você fazer um trabalho num castelo na Escócia, coloca a bandeira do Brasil no topo do castelo, uma puta homenagem para o Brasil, e o próprio Brasil não reconhece isso como arte.
Triste né?
Isto é o retrato de onde a gente vive, Em São Paulo acontece isso porque é o retrato de quem governa, de quem toca a cidade, então é difícil, você vai lutar contra isso? A gente sempre fez um trabalho consciente na rua, de não prejudicar ninguém, de querer embelezar a cidade, presentear com arte, cultura, com uma coisa que as pessoas gostam, até a polícia. Só que está sofrendo essa bobeira de apagar e pintar tudo de cinza.
Alguma solução que agrade prefeitura e grafiteiros?
Eu acho que São Paulo deveria ser como sempre foi. Não existir repressão contra esse tipo de arte, pois existem tantos outros problemas na cidade, que a prefeitura deveria focar e cuidar, muito mais importante do que pintar grafite. Eles deveriam focar essa energia e dinheiro em outras coisas que são mais úteis. Estão gastando dinheiro, mão-de-obra e tempo para poder apagar uma obra de arte. Estão apagando um sonho de um cara que saiu lá da periferia, sonhando que um dia o trabalho dele possa ser visto, e que possa acontecer a mesma coisa que aconteceu com a gente.
Se você estiver de passagem pela capital espanhola, dá uma passada na Pilar Parra & Romero Gallery. A exposição acontece até o dia 31 de março.
Mais infos em: http://www.parra-romero.com/html/inicio/inicio.htm