Originalidades
Pensei em escrever com originalidade. Quis discutir o que ninguém havia discutido. Queria começar tudo de novo. Numa palavra: revolucionar! Havia estudado, observado e me preparado. Acreditava que o acúmulo de conhecimentos faria a diferença.
As minhas idéias eram lógicas, refletidas; uma nova abordagem, aquela que ninguém fizera. Estava pronto para inaugurar um novo mundo, construir uma nova história. Minha vontade era de ferro, imperiosa, e isso era tudo o que possuía.
Ah! Como me enganei! Quanta ingenuidade! Havia muita fé na vida e nos homens. Na prisão ardia de vontade de provar que todos estavam errados. O homem é realmente passível de crescimento, evolução e desenvolvimento. Iria provar. Caso eu conseguisse, todos poderiam conseguir. Eu havia sido muito pior que quase todos os homens aprisionados. Essa era minha mensagem.
Aqui fora não havia interesse. Não encontrei um único entusiasta como eu me via. Na verdade, a mídia só aceita o que todo mundo já esta interessado. Não se importa nem um pouco com o conteúdo. Valem as pesquisas de mercado e as estatísticas de venda. Foi-se o tempo da construção de novidades. Só vale o que todos usam, sentem e pensam. Não se produz nada de novo.
Parece que todo mundo fala a mesma língua, possui os mesmos conceitos e que somos iguais uns aos outros. O que nos diferencia do outro não existe mais. Observe os jornais televisivos. Todos falam sobre os mesmos assuntos e os comentaristas têm opiniões idênticas. Assistiu um, assistiu todos.
Veja o exemplo dos “Emos”. Inauguraram uma interessante “nova onda”. Vestiam-se diferente (se bem que copiando Góticos...), usavam penteado original e eram “emocionais demais”. Pois é, passado o tempo de sucesso e vejo a cultura visual dos “Emos” inteiramente copiada pela moda. Já não dá mais para distinguir a tribo dos “emocionais demais” de qualquer jovem que transita na Avenida Paulista.
Para conquistar acessos ao meu blog, aconselham-me os especialistas, preciso estar atento ao que todo mundo fala, pensa, sente ou vê. São comentários sobre o que todos estão falando que garante acessos. Que pena... Isso empobrece as dimensões. Poderia procurar novidades. Escafrunchar idéias antigas em busca de novas interpretações, criar, inventar, ficcionar, ir além do comum, do normal. Seria tão mais excitante escrever...
A solução é tentar mesclar. É sempre assim: o equilíbrio da balança é tão importante quanto a balança. Às vezes o entusiasmo faz a gente esquecer disso.
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Luiz Mendes
18/11/2010.