Fazemos o que podemos

por Luiz Alberto Mendes

Quem sou eu?

 

Quanto mais embarcamos nessa viagem de nos definir, nos auto-conhecer, mais instáveis nos tornamos. A instabilidade, a insegurança e a precariedade da existência nos faz pensar que talvez a vida seja mesmo uma passagem. Uma ponte onde não é permitido estacionar. Saber como somos nos fará ser o que somos acrescido do conhecimento de nós que tomamos. E quanto mais nos aprofundarmos, mais nos afastaremos de ser. Estaremos surfando na TV a cabo. Sendo. Não em apenas poucas dezenas de canais, mas os infinitos canais acessíveis à imaginação, à construção racional, emocional...

E entrando para o psicológico, percebemos nossas mesquinharias, egoismos tolos, fraquezas debilitantes, falhas gritantes e dificuldades infinitas. Podemos promover uma revolução reabilitante ou entrar em uma depressão profunda e de difícil cura. Então entra em cena, como em uma peça teatral, o anjo bom. Temos tantas falhas e dificuldades para vencê-las, que elas podem parecer insuperáveis. A maioria desiste neste ponto.

Mas nós também possuímos generosidade. Não é aquela desejada, mas aquela necessária para a convivência. Para ser pai, filho, esposa, amigo, colegas de trabalho, de escola e companheiros de existência. Temos compaixão. Doi em nós a dor do outro. Não tanto quanto devia e nos forçasse a tomar atitudes. Ainda permitimos que o outro sofra. Ainda não conseguimos dar um basta ao sofrimento alheio. Mas já temos Leis, Justiça, um bocado de solidariedade, de amor (não como se faz necessário, mas o que somos capazes por enquanto) e os melhores de nós se organizando para socorrer os mais necessitados. Já somos capazes de amar, não como diz o Evangelho; sem querer nada em troca. Mas amamos com todo o coração que trouxemos de nossos caminhos de pedras.

Podemos ser corajosos, heróis de repente. Mas heróis não duram. Têm os pés de barro e usam o banheiro como todo mundo. Podemos ser alegres, bons, amigos, leais, fieis e felizes. Claro, não quanto carecemos em nossa voracidade por viver, mas aquilo que a nossa humilde condição humana nos permite.

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Luiz Mendes

25/02/2013. 

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