No começo, Louise D’Tuani estranhou a loucura de Eduardo Sterblitch. Já ele pirou na tranquilidade dela. No fim, o match já dura seis anos
"Achei engraçado o convite para este ensaio porque eu não me levo a sério. No começo, ficava pensando: eu preciso ser sensual”, conta Eduardo Sterblitch. “Ele sempre quer fazer graça, mas foi lindo”, diz Louise D’Tuani, com quem está casado há seis anos.
Fazer graça é o trabalho de Eduardo, 32 anos. Depois de atuar em Tá no ar: A TV na TV, o extinto programa humorístico de Marcelo Adnet, o ator estreou em junho Shippados, série da Globoplay escrita pelos mesmos criadores de Os normais (Alexandre Machado e Fernanda Young), como par de Tatá Werneck. Na sequência, volta à TV com Chacrinha, o velho guerreiro, filme de 2018 de Andrucha Waddington, em que Eduardo interpreta o apresentador na juventude e que ganha adaptação como série da Globo.
Até hoje, ele é reconhecido na rua por personagens nonsense como Freddie Mercury Prateado e Poderoso Castiga, que interpretou em seus oito anos de Pânico na TV. “Considero o Pânico minha faculdade”, conta o humorista, que foi descoberto pela equipe do programa em 2006, em suas apresentações no teatro. “Eu tô nesse meio desde pequeno”, lembra. Criado no Rio, Eduardo passou a infância rodeado por palhaços, mágicos e ventríloquos, por conta dos pais, que trabalhavam com produção de eventos. “Eles faziam muita festa infantil, produziram Os 25 anos dos Trapalhões [especial da Globo de 1991 em homenagem ao quarteto].”
Os primeiros encontros com Louise, 30, rolaram por acaso, em 2013, por causa de amigos em comum. Como Eduardo, ela atuou em peças de teatro na adolescência até ser contratada, em 2006, pela Record, onde trabalhou em novelas como Os mutantes. Em 2013, se mudou para a Globo para atuar em Malhação, emendou em novelas como Rock Story e estreou nos cinemas em maio com Kardec: A história por trás do nome.
Se beber, não case
Foram muitos encontros acidentais até que Eduardo, que morava em São Paulo por conta das gravações do Pânico, foi ao Rio e decidiu mandar uma mensagem perguntando qual era a boa daquele fim de semana. Ela estava em um sarau na Barra da Tijuca e ele foi até lá. “Foi a primeira vez que a gente trocou ideia de verdade e pra mim bateu, fiquei alucinado. Sabe quando você sente que é coisa de outra vida, tipo um carma? Tem pessoas que não têm essa sorte”, lembra. O ator se sentiu atraído pela vibe tranquila de Louise, que é budista: “Ela tem uma energia que me equilibra muito”.
Mas a sensação da atriz foi oposta. “No início, eu achava ele meio louco, penso que todo mundo tem essa impressão dele antes de conhecê-lo. O Eduardo é imprevisível e talvez isso tenha me assustado no começo”, conta. “Eu sou meio sociopata, não sei conversar direito, sempre acho que tô exagerando”, reconhece o ator. Há nove anos, quando esteve no Trip FM, o humorista, ironicamente, defendeu a importância da tristeza e deu entrevista sem camisa, quando o público reclamou (via Twitter) que ele estava muito comportado.
Tudo aconteceu rapidamente entre eles. Começaram a namorar e ficaram noivos três meses depois. Eduardo escolheu o dia 20 de março, a data de aniversário de casamento dos avós, para pedir Louise em noivado, em 2014. Mas ela não contava que a cena seria transmitida no Pânico para todo o Brasil: “Falaram que eu ia participar de uma surpresa para ele durante a festa de bodas dos avós. De repente, ele me pede em casamento, eu fiquei super sem graça”.
Louise disse sim. E a despedida de solteiro foi promovida pela equipe do Pânico e exibida depois no programa. Numa “homenagem” ao filme Se beber, não case, ele tatuou os rostos dos atores Stepan Nercessian e Luis Carlos Miele, seus colegas no filme Os penetras, que foram à festa.
O casório rolou no ano seguinte. “Nunca pensei em casar. Nunca pensei em ter filho. E sempre pensei muito. Hoje penso menos, sou casado e quero ter filhos”, diz Eduardo. “Ela me relaxa, me faz sorrir, me encuca, me dá tesão, me ensina, me provoca e tem muita paciência comigo”, completa. “Amo como ele me faz sentir especial e importante todo o tempo. Amo dormir com ele. Amo acordar com ele. Amo que ele conta as mesmas histórias. Amo que ele pira em extraterrestres”, diz ela.
Além da vida, no ano passado o casal também dividiu o palco na peça O rei do mundo – Uma comédia sobrenatural. Ela garante que saíram ilesos da experiência de passar 24 horas por dia grudados: “A gente super se entende. É profissional e, ao mesmo tempo, amoroso, tem muito afeto e cuidado”.
Transa no armário
No dia a dia, eles brigam como qualquer casal que se propõe a dividir as dores e delícias da vida doméstica e administram suas diferenças – ela é organizada, e ele vive esquecendo compromissos e horários; ela é vegetariana, e ele tem paladar infantil.
Eduardo é quem geralmente puxa as DRs ou “reuniões”, como ele prefere chamar. “Nossas brigas são pra se entender, se colocar, um tá ajudando o outro a evoluir.” Louise completa: “A gente se ouve muito, sem orgulho”, conta ela. Para eles, a DR é uma aliada do sexo: “O resultado da nossa última ‘conversa criativa’ foi a gente procurando um canto escondido numa festa. Transamos num armário”, lembra Louise.
Eles garantem que não sentem a relação se desgastar, pelo contrário. “A gente está há bastante tempo juntos, comparando aos casais de hoje. Fica cada vez mais interessante”, diz ele. Ela completa: “É muito louco, parece que estamos começando”.
Créditos
Imagem principal: Bispo
Produção executiva: Adriana Verani | Beleza: Brenno Melo | Com produtos O Boticário e Keune Cosmetics | Assitente de foto: Nathalia Atayde | Lettering: Mariane Ayrosa