A comunicação impossível
Não sei bem porque a gente não consegue passar para os mais jovens, particularmente nossos filhos, as experiências que aprendemos com nossos erros. A gente fala, fala, conta detalhes, se expõe e parece que entra por um ouvido e sai pelo outro. Não fica nada, parecem imunes a conselhos.
É preciso que doa, é preciso que sofram? É necessário que aprendam com os erros próprios de suas histórias, cometidos e protagonizados por eles? Carecem de que preencham suas histórias de lições às quais não podemos nem ajudar a entender? Sabemos que são criaturas únicas, milagres da vida, reservatórios de futuros, de pequenas e grande realizações. Mas precisava ser tão fechadas assim neles mesmo? Não poderíamos participar mais efetivamente? De que serve todo esse amor, todo esse cuidado e atenção que temos para com eles? Só para vê-los sangrar desatinadamente, de braços cruzados, sem poder fazer nada?
Outro dia eu pensava que, depois da imensidão de tristezas e dores que foi minha vida passada, ainda tem o futuro. Meus filhos e as pessoas que vou juntando tão carinhosamente ao meu coração, estão vivendo suas vidas e eu pergunto: como a vida vai tratá-los? Como eles merecem, talvez? Mas a vida jamais foi justa nesse tempo entre nascimento e morte. É de se esperar que sofram, como todo mundo; não há privilégios, por mais os amemos. Vivemos em um mundo de acidentes e incidentes e são os erros que nos conduzem aos acertos. Eles precisam do acervo deles de tentativas de acerto e erro; será isso que vai orientá-los no futuro.
Mas não seria bem mais simples se nos ouvissem? Não causaria menos tumulto? Os mais experientes, não os que mais erraram, mas os que mais aprenderam com seus erros, passariam o mapa das armadilhas da vida e como desativá-las. Bem, mas tem um problema a objetar: as armadilhas se renovam (a gente tem sempre que se lembrar: nada é pra sempre.), a vida para cada um e a cada dia, é outra. De repente o mapa esta ultrapassado e olha aqueles que o seguiram se dando mal...
E ai? Vou sofrer pra cacete vendo-os sofrer; como é que vou lidar com isso? Sinceramente não sei, não tenho nem idéia. Tá, eu tenho bastante experiência quanto à dor. Até posso concordar. Mas conheço a dor em mim e não naqueles vinculados a mim. Agora mesmo minha sobrinha esta com um problema terrível, esta até meio passada, carente e implorando por ser ouvida. Tento ser, além de tudo, o pai que ela não teve, mas dói muito vê-la assim dolorida e tão profundamente pressionada. Dá vontade tomar a dor dela para mim, parece, ficaria mais fácil do que assisti-la sofrendo. Ela não reage bem, fica frágil e chorosa demais.
Na verdade, fica cada vez mais complicado, e eu que pensei que com o tempo e a idade as coisas pudessem ser mais simples... Não sei onde vou chegar nesses poucos anos de vida que me restam, mas se eu pudesse viver tudo novamente, a juventude seria uma fase que eu pularia com certeza. Como é triste ser jovem!
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Luiz Mendes
15/07/2013.