CÉU: A MELHOR CANTORA DO BRASIL

por Alê Youssef

Do Studio SP para Auditório Ibirapuera, Céu atinge a consagração sem mudar seu estilo.


Quando Céu subiu ao tímido palco do antigo Studio SP da Vila Madalena, para temporada de shows às segundas feiras em junho de 2006, ela já era celebrada pela crítica e por quem estava por dentro das coisas como a grande novidade da música brasileira. Era o início do trabalho de divulgação do seu primeiro disco, que de cara apresentou ao público um estilo musical novo, sonoridade mais complexa  e um jeito totalmente diferente de cantar. Essas caracteriísticas abriram portas para o começo de uma promissora carreira internacional e fez com que Céu fosse escalada para o TIM FESTIVAL do mesmo ano, onde seu show foi um dos mais elogiados.

De lá pra cá,  outros excelentes shows aconteceram e muitas oportunidades surgiram, mas Céu preferiu seguir o seu próprio ritmo de criacão e trabalho, sem se apegar às primeiras propostas que apareciam tanto no mercado fonográfico, como em palcos importantes. Lembro do convite feito dois anos atrás por Pena Schmidt, diretor do Auditório Ibirapuera, para um fim de semana de shows, elegantemente recusado pela cantora: ainda não é a hora, disse ela.

No final de semana passado, Céu voltou com do CD Vagarosa, seu novo trabalho lançado em três shows lotados, agora sim, no Auditório do Ibirapuera. Do palco de madeira do inferninho da Vila para o grandioso cenário no Parque do Ibirapuera, percebe-se uma coisa rara: Céu atinge a maturidade e a consagração sem ter mudado seu estilo, sem fazer consessões musicais, sem sair de uma carreira traçada com sobriedade e serenidade de quem parece que sabia que as coisas aconteceriam dessa forma. Ela é hoje,  por diversos motivos que explico abaixo, a melhor cantora do Brasil no momento.

Em primeiro lugar é a melhor cantora porque tem voz e estilos próprios. Quando se ouve alguma de suas músicas, imediatamente sabemos de quem se trata. Céu canta diferente e também cria uma técnica nova para o canto.

A música de Céu reúne tudo: samba, afrobeat, hip hop, jazz, R&B, dub. Essa mistura, tão característica da nova geracão de músicos brasileiros, é a base do que podemos chamar de nova música brasileira, que não pode ser mais restringida e rotulada em parâmentros do passado. A  melhor cantora é quem melhor representa isso.

A postura de Céu é contemporânea, não apenas pelo já ressaltado caminho trilhado com sobriedade, mas também porque ela se insere numa cena que conecta músicos e artístas que representam o que existe de melhor na nova música. A postura da artista se afasta do esteriótipo de diva das cantoras tradicionais e a coloca como mais uma integrante de um movimento forte e original da nova nova música.  A melhor cantora é a que simboliza essa contemporaniedade artística.

O time que se reúne em volta da cantora é sensacional: na produção a própria Céu,  Beto Villares, e seu brilhantismo de  valorizar as melhores caraterísticas de quem produz, Gustavo Lenza e Gui Amabis. No palco,  Bruno Buarque, Lucas Martins, Guilherme Ribeiro e Dj Marco, sem esquecer das participações mais que especiais de Pupilo, Fernando Catatau, Thalma de Freitas, Anelis Assumpção e Rodrigo Campos. Em estúdio, além dos já citados produtores e músicos do show, Marcelo Janeci, Curumin, Guizado, B. Negão, Pepe Cisneros, Dengue, Mauricio Alves, Chiquinho, entre outros, além do gigante Gigante Brasil. A melhor cantora tem um time de primeira. Naturalmente.

Céu compõe, canta e dirige seu trabalho. No show, assina a direção musical com sua banda. No palco, dança como se estivesse numa festa, sem coreografias falsas e ensaiadas, curtindo de verdade aquele momento e como ela mesmo diz, fazendo um som. A melhor cantora sabe do que gosta e sabe o que quer.

Aconselho a todos os amantes da música, a assistir um dos shows da turnê, para comprovar o que escrevi aqui.  O giro de Céu é patrocinado pela Natura, em um modelo de parceria interessante que garante preços acessíveis a todos.

Na imagem, a capa do CD Vagarosa.

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