por Alê Youssef
Trip #251

Apesar do movimento de especulação imobiliária, a região do baixo augusta resiste como sinônimo de arte, boemia e ativismo em São Paulo

A expressão Baixo Augusta começou a ser utilizada com frequência pela imprensa a partir de 2008, ano que marca a explosão da diversidade na região e o funcionamento concomitante de importantes casas noturnas, bares, ateliês e outros empreendimentos emblemáticos daquele contexto. Ao vincularmos a história do Baixo Augusta com a trajetória desses espaços criativos e festivos, percebemos a força da relação desse nome com a cena que se formou nesses ambientes, principalmente no que diz respeito aos artistas que surgiram ou passaram por lá. A partir de 2009, com a criação do bloco carnavalesco Acadêmicos do Baixo Augusta, fundou-se uma espécie de entidade informal de representação dessa área, que a divulgou para outros nichos da cidade, saindo do mundinho underground para dialogar com o universo do samba e da multidão.

Na mesma época, a região passa a ser vista como uma espécie de laboratório para novos negócios, onde custos baixos e alta rotatividade de gente interessada em novidades geravam o ambiente ideal para esse tipo de empreendedorismo. Mais recentemente, os movimentos sociais que explodiram reivindicando o direito de ocupação e pertencimento da cidade tiveram como palco importante a região que já havia se estabelecido no imaginário da cidade como espaço de expressão libertária.

O Baixo Augusta foi vinculado a movimentos como “Existe amor em SP” e o de defesa do Parque Augusta – um dos símbolos mais importantes da nova São Paulo que nasce no imaginário de quem luta por uma cidade para pessoas, mais verde e inclusiva – e a dezenas de coletivos que utilizam a Praça Roosevelt como espaço de diálogo e deliberação de suas ações políticas. A região está diretamente ligada ao novo ativismo da cidade.

 

Ocupe o centro

Todos esses movimentos geraram o processo mais importante para revitalizar um bairro antes esquecido da cidade: muita gente passou a ver o Baixo Augusta como opção de moradia. Com isso, renasceu a ideia de repovoar o centro de São Paulo abandonado. O bairro foi uma espécie de porta de entrada para essa redescoberta. Entretanto, como sabemos, esse interesse despertou a ação nociva das grandes incorporadoras, que, com objetivo de gerar lucros, criaram um dos mais radicais processos de especulação imobiliária da história recente da cidade.

Hoje, mesmo combalido pela força da grana que destruiu alguns dos seus empreendimentos emblemáticos, o Baixo resiste, permanece na vanguarda e continua sendo sinônimo de arte, boemia, criatividade, Carnaval e ativismo. Vi-va o Baixo Augusta!

 

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