Conheça três atletas brasileiros que têm chance de escalar em Tóquio, na estreia da escalada esportiva nos Jogos Olímpicos de 2020
Além do surf e do skate, a escalada esportiva também vai estrear como modalidade olímpica nos jogos de Tóquio, em 2020. Por muitos anos, o esporte teve um caráter amador no Brasil e a notícia de que faria parte da Olimpíada acelerou a caminhada para profissionalização. “Depois de uma longa jornada de organização de regulamentos, fomos reconhecidos como membros do Comitê Olímpico do Brasil [COB] e a coisa começou a andar”, explica Janine Cardoso, ex-escaladora e diretora da Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE), entidade responsável pela gestão do esporte no país.
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Ao todo, 40 atletas vão competir em Tóquio (20 no feminino e 20 no masculino) e cada país poderá levar 2 atletas de cada gênero. Serão três modalidades: dificuldade (também conhecida como lead, em que o atleta escala um paredão de 15 metros com cordas), bloco (ou boulder, que é a escalada num paredão de 4 metros, sem cordas) e velocidade (vence o atleta que escalar mais rápido um paredão de 15 metros, com cordas). Janine acredita que vai ser difícil – mas não impossível – ter atletas brasileiros classificados e as chances podem aumentar se eles mandarem bem nos Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru), que vão rolar entre julho e agosto deste ano, com resultados computados para a seletiva olímpica.
“Infelizmente, a gente não tem a cultura da escalada, é preciso um grande investimento a longo prazo, com crianças. Além disso, o esporte tem um custo alto porque tem que ser praticado em um ginásio, com os equipamentos de segurança”, explica o atleta Cesar Grosso, um dos nomes mais cotados para a Seleção Brasileira. Outro entrave para a popularização da escalada no país é a crença de que é um esporte perigoso. “Com a Olimpíada e a mídia mais interessada, as pessoas vão entender que não é um esporte de alto risco. Com responsabilidade e conhecimento, não tem perigo”, diz Thais Makino, promessa para o feminino.
Além de Cesar e Thais, Felipe Ho também é um dos nomes cotados para competir nos Jogos Olímpicos. A Trip bateu um papo com os três para saber como andam os treinos e indica seus perfis para seguir no Instagram.
Cesar Grosso (@cesar_grosso)
O paulistano, de 34 anos, coleciona títulos: foi seis vezes campeão brasileiro e vice-campeão sul-americano de dificuldade, cinco vezes campeão brasileiro de boulder, e quinto colocado no ranking combinado (que leva em consideração as performances em bloco, dificuldade e velocidade) no Campeonato Pan-Americano de Escalada, em 2018.
Há 6 anos, Cesar foi morar em Arco, na Itália, para ficar mais próximo do circuito de competições europeias. Ele conta que a maior dificuldade no treino para as seletivas olímpicas é trabalhar as três modalidades juntas: “Meu forte sempre foi dificuldade e boulder, nunca tinha competido em velocidade no Brasil. A logística do treino é muito difícil, mas também é mais divertida. Você dá um estímulo num dia e, no dia seguinte, faz o contrário”, explica.
Thais Makino (@thais_makino)
Com o aumento do incentivo aos atletas depois que a escalada virou esporte olímpico, a paulistana largou o trabalho como assistente de fotografia no ano passado para focar nas seletivas. Aos 30 anos, Thais é a primeira colocada no ranking brasileiro, bicampeã brasileira no boulder e campeã brasileira de dificuldade. “Com os treinos no formato olímpico tenho que equilibrar resistência, explosão de perna e coordenação motora. É uma oportunidade muito boa pra ser uma atleta mais completa”, conta a paulistana, que foi homenageada em 2018 no Prêmio Brasil Olímpico (organizado pelo COB) como a melhor escaladora do ano.
Felipe Ho (@felipe.hoo)
Com 19 anos, é o segundo colocado no ranking brasileiro e ficou em quinto lugar no Campeonato Panamericano Juvenil de Escalada, em 2017. Para as seletivas, o paulistano vem se aperfeiçoando na modalidade velocidade, que nunca havia treinado antes da exigência olímpica. Ele acredita que a popularização do esporte é questão de tempo: “A escalada já tá sendo muito televisionada, estão lançando filmes, o que é muito positivo. Agora, é preciso mais incentivo para as crianças e a construção de mais lugares para a prática”, afirma.
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Imagem principal: Carol Coelho