por Redação

Zilda Arns continuará sendo símbolo da luta pela integração da família e saúde da criança

O terrível terremoto que assolou o Haiti e outros países caribenhos no dia 12 de janeiro levou, além de 14 militares brasileiros que participavam da missão de paz da ONU em terras haitianas, a querida Zilda Arns. Médica pediatra e sanitarista, Zilda Arns era fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, órgão de Ação Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Indicada por três vezes ao Prêmio Nobel da Paz, Zilda também foi uma das homenageadas do Prêmio Trip Transformadores 2007. Zilda faleceu aos 75 anos, boa parte deles dedicada à saúde pública, lutando contra a desnutrição, a falta de informação e os altos índices de violência doméstica, Zilda foi responsável pela vida de quase 20% das crianças e gestantes de origem pobre em todo o território brasileiro.

Nascida em Forquilhinha, Santa Catarina, ela formou-se em medicina e encontrou, no convívio com as crianças, a sua força transformadora. Do setor de pediatria de um hospital comunitário de Curitiba, logo foi nomeada diretora de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Paraná, chegando inclusive a se especializar em pediatria social na Colômbia. Em 1983, finalmente aceitou o convite da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da UNICEF para colocar em prática a Pastoral da Criança, entidade que hoje conta com 270 mil voluntários, espalhados por cerca de cinco mil municípios, conhecida por realizar visitas periódicas nas comunidades, educando para a prevenção de doenças e promovendo diversas ações, entre elas o Dia do Peso, criado justamente para medir e comemorar ao lado das famílias cada quilo adquirido pela criança. “Nossa Constituição diz que o governo é responsável pela família. Como isso não é feito totalmente, procuro fortalecer e deixar claro o papel dela”, ensinou.

Em 2004, depois de tornar conhecida a fórmula do soro caseiro e defender um melhor planejamento familiar, ela aceitou outro convite da CNBB, dessa vez para formar a Pastoral da Pessoa Idosa – que hoje acompanha de perto a saúde de 40 mil idosos em 280 municípios brasileiros. E Zilda Arns não parou por aí: assumiu um papel de destaque no Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e também no Conselho Nacional de Segurança Alimentar, ajudando com isso a reduzir ainda mais os índices de mortalidade infantil, além de divulgar uma cartilha, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a mais completa para o desenvolvimento físico e humano da criança.

Entre os principais prêmios pelo reconhecimento de seu trabalho estão um título de “Heroína da Saúde Pública das Américas”, entregue pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), um diploma de “Mulher Cidadã”, concedido pelo Senado Federal em 2005, e uma “Medalha Pacificadora da ONU” no mesmo ano, além de ter seu nome incluído entre as mulheres mais influentes do Brasil, segundo a revista Forbes. Zilda Arns manteve ainda uma expressiva coleção de chaves de cidade: é cidadã honorária em mais de dez Estados brasileiros, entre eles Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul, e chegou a ser indicada para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz no ano passado. Zilda Arns continuará sendo símbolo de uma luta pela integração da família e saúde da criança, e lembrada para sempre pelos exemplos que serão seguidos.

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