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Tem fogo?

Este senhor é responsável pelo primeiro processo contra as empresas de fumo do país

Mario Albanese

Mario Albanese / Créditos: Lucas Lima


Por Redação

em 13 de setembro de 2012

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Quem vê Mário Albanese, hoje um simpático senhor na casa dos 80 anos, não imagina que ele foi pioneiro no futebol de salão e notícia na Billboard nos anos 60 por ter inventado um novo ritmo musical. Muito menos que é o advogado responsável por entrar com o primeiro processo na história do Brasil contra as poderosas empresas fabricantes de cigarro, e que chegou a ser alvo de espionagem por isso.

Mário é criador da Adesf (Associação de Defesa da Saúde do Fumante). “As pessoas acham que nós defendemos o fumante. Na verdade, defendemos a saúde dele. Esclarecemos que o cigarro é fabricado para viciar, adoecer, mutilar e matar. Não tem outra expectativa”, trata de deixar claro o advogado, que perdeu o pai vítima do cigarro e cujo único filho fumante acabou se envolvendo com drogas mais pesadas.

Em 1995, a associação, numa iniciativa até então inédita no país, entrou na Justiça com uma ação coletiva indenizatória contra a Souza Cruz e a Philip Morris alegando que a indústria do tabaco estaria prejudicando consumidores com publicidade enganosa e abusiva de seus produtos, e infringindo o Código de Defesa do Consumidor. Normalmente, quem processa deve provar o que diz. Não nesse caso. “Conseguimos inverter essa obrigação”, conta Mário. “Eles é que teriam que mostrar que a nicotina não vicia e que não existe propaganda mentirosa. A ação foi um marco na luta antifumo.” 

Foram vitórias seguidas na Justiça contra a indústria do tabaco. As empresas apresentavam recursos, mas todos eram derrubados pela associação. Mas Mário sabia que estava lidando com uma indústria poderosa. Quando tudo parecia caminhar bem, chegou a hora do choque de realidade: uma juíza deu parecer favorável à engrenagem tabagista. “Eu não dormiria tranquilo se fosse essa juíza. Alegar, como ela alegou, que não existe propaganda enganosa e abusiva na publicidade do fumo é um absurdo! É dar tapa na cara da gente. Por coincidência, na mesma época do parecer havia uma exposição no Incor mostrando exatamente como a indústria engana com a propaganda. Mas essa história ainda não acabou.”, afirma. 

“Eles (fabricantes de tabaco) nunca apresentaram uma prova sequer de que têm razão. Nada! Isso é chamar todo mundo de trouxa! Eles dão o argumento surrado do direito de escolha da pessoa. Como você pode falar em liberdade de escolha para uma criança que ainda não tem opinião de nada? Porque ela é o alvo dessa publicidade!”

“Lembro que na época o repórter me telefonou e disse: ‘Mário, você precisa se cuidar. Vou para os Estados Unidos e quando eu voltar nós conversamos’. Ele viajou justamente para apurar essa história (de que estavam sendo espionados). Quando voltou veio aqui em casa e me contou tudo. Fiquei perplexo.” 

Leia o perfil de Mário Albanese na Trip # 207

 

 

 

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