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por Redação

”Dar carteira de habilitação na verdade é dar um porte de arma pra uma pessoa”

Continuando a série de especiais do Trip FM em junho sobre sustentabilidade, quando se comemora o mês do meio ambiente, Paulo Lima recebe o inimigo público número um dos automóveis no Brasil, o arquiteto e urbanista Alexandre Delijaicov. Formado pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo com mestrado e doutorado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, há 20 anos ele utiliza a arquitetura como ferramenta para melhorar a vida na cidade, ele quer utilizar os rios de São Paulo para melhorar o trânsito na capital paulista.

Entre seus projetos de maior repercussão estão os CEUs, os Centros Educacionais Unificados aqui de São Paulo, que são prédios construídos em bairros da periferia da cidade e que concentram creches, escolas, teatros e espaços para a prática de esportes. Além disso ele tem importantes projetos voltados à mobilidade urbana, que vão desde implementação de ciclovias até a construção de um anel hidroviário de 600 quilômetros de extensão que ligaria os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí e as represas Billings, Guarapiranga e Taiaçupeba.

O arquiteto vai nos ajudar a responder a questão levantada pela revista Trip deste mês: qual é o futuro da relação entre carros, gente e cidades?

"O que propomos é uma orla fluvial de quase 500 km. Seriam quase 400 km de praias em São Paulo"

"Nós não precisamos de carros. O progresso deveria ser medido no tempo que se gasta em ir de casa para o trabalho andando a pé. Se houvesse pontos de emprego e de trabalho melhor distribuidos pela cidade até uma distância de 20 ou 30 minutos de caminhada, pedalada ou transporte sobre trilhos, isso sim seria um bom índice de urbanidade e de melhora coletiva na vida das pessoas. "

Outra solução proposta por Delijaicov é a ampla utilização dos rios de São Paulo como método ideal de desafogar o tráfego. Mas o projeto, tocado pelo arquiteto e pela Faculdade de Arquitetura da USP, vai muito além de uma simples questão viária.

"Nós não precisamos de carros. O progresso deveria ser medido no tempo que se gasta em ir de casa para o trabalho andando a pé"

"O hidroanel de São Paulo seria a retomada da navegação fluvial que existiu durante séculos aqui e que foi interrompida na década de 20. 1930 foi o início do fim do transporte fluvial nessa região", comentou o arquiteto. "O projeto tenta recuperar essa navegação em SP a partir do transporte de cargas e do transporte alternativo de passageiros. Também entra nessa lista o turismo e o lazer fluvial. Isso, claro, pressupõe uma limpeza dos rios, uma proposta que a FAU-USP está fazendo para o governo do estado. Queremos integrar políticas de recursos hídricos, resíduos sólidos e de mobilidade urbana. Isso definiria o transporte de cargas públicas no rio, aí incluídos lixo, entulho, resíduos de escavações e etc..."

"O primeiro passo para solucionar o problema dos rios é colocar os barcos na água e incentivar o turismo do jeito que os rios estão. Assim, colocamos a população de frente para o problema e incentivamos as soluções futuras. Quem não quer morar de frente para um lago ou para uma praia? O que propomos é uma orla fluvial de quase 500 km. Seriam quase 400 km de praias em São Paulo. Nosso conceito é o mesmo que possibilitou a revolução industrial na França e na Inglaterra: um sistema de navegação por canais estreitos e rasos."

O Trip Fm vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 20h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

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