Em Nova York, a vida de cada um pode ser muito mais interessante do que a do famoso da vez
Em Nova York, famosos não vêm ao caso. Nem adianta fazer graça ou aparecer com um namorado novo, ninguém dá a mínima. É que a vida de cada um pode ser muito mais interessante do que a do famoso da vez
editora convidada | Tania Menai
A cada dezembro, a revista semanal New York lista 50 razões para amar a cidade. Tem de tudo: desde o fato de que é possível encontrar sua cara-metade no metrô até o orgulho de saber que é impossível ver todo o Metropolitan Museum numa só vida. E não faltou também, claro, uma razão bastante especial: o fato de que o casal Brangelina, também conhecido como Angelina Jolie e Brad Pitt, não mora mais aqui. Levantaram o luxuoso acampamento e carregaram a prole internacional para Los Angeles. Sim, os nova-iorquinos não estão nem aí para celebridades. E eu, confesso, me incluo na lista. Não leio revista de fofoca, não sei quem casou, quem se separou, quem foi esquiar em Bariloche – e não estou nem aí para reality shows. Por quê? Simples: a vida dessa gente não é mais interessante do que a minha, do que a sua ou daqueles que realmente fazem alguma coisa pelo mundo. Um artigo recente assinado pelo comediante Marcelo Madureira descreve perfeitamente o que ele chama de “famosos de revista”: aqueles cuja única função é despejar a intimidade na mídia impressa semana sim, outra também. Um pavor.
O casal Brangelina é tão bandeiroso que nem mesmo os nova-iorquinos conseguem se desligar. Ambos são lindos, talentosos e fazem filantropia. Na escola onde seus filhos estudavam, em Manhattan, os demais pais receberam avisos para não pedir autógrafo nem tirar fotos. Pedir autógrafo? Meu Deus. Isso é vergonhoso para a reputação da cidade. Em Nova York, os “famosos” se sentem confortáveis justamente pela oportunidade de desfrutar um brunch no Village sem serem perturbados. Há alguns anos, o entrevistador Larry King, da CNN, me disse que “a maior parte da população não tem vida fascinante e imagina que os famosos vivem num clima eternamente espetacular”. Espetacular? Nem sempre. O que temos a aprender com Britney Spears, Sasha ou Adriane Galisteu? Talvez se as pessoas prestassem menos atenção nos “famosos de revista”, elas teriam mais tempo para tornar suas próprias vidas algo verdadeiramente espetacular.
