A jornalista Amanda Lindhout foi sequestrada quando cobria a guerra da Somália
A jornalista Amanda Lindhout foi sequestrada quando cobria a guerra da Somália e passou 15 meses em cativeiro, vítima de fome e agressões
Desde que se lembra, a canadense Amanda Lindhout (na foto abaixo), 32 anos, sonhava em viajar o mundo. De família pobre, cresceu na pequena cidade de Red Deer e só saiu de lá aos 19 anos, quandoeconomizou dinheiro para ir à Venezuela. Tornou-se jornalista e conheceu mais de 50 países, incluindo Iraque e Afeganistão. Em 2008, Amanda foi cobrir a guerra civil na Somália. No terceiro dia no país, foi sequestrada por uma milícia. Mantida em cativeiro por 460 dias, foi torturada, passou fome e foi agredida física e sexualmente. No cativeiro, converteu-se ao islamismo como tática de sobrevivência e arriscou uma fuga frustrada. Só foi solta após o pagamento de resgate. Após a libertação, ela escreveu um livro – A casa do céu, com a jornalista Sara Corbett – e criou a Global Enrichment Foundation, organização de ajuda humanitária na Somália e no Quênia.
Como você fez para sobreviver no cativeiro? Eram dias longos e difíceis, tive que usar a imaginação para seguir em frente. Minha mente foi a minha casa no céu, um lugar aonde eu poderia ir para lembrar da beleza do mundo lá fora. Aprendi muito sobre a força e a resistência da alma.
Por que decidiu criar a fundação? Nos piores períodos no cativeiro, eu pensava o que faria se sobrevivesse. Sabia que meus sequestradores eram produto de seu meio, destruído pela guerra. Eu sonhava criar uma organização para apoiar o desenvolvimento na Somália. Hoje, mais de 200 mil pessoas são beneficiadas pelos nossos programas.
Você se arrepende de algo? Seria fácil passar o resto da vida lamentando a escolha de ir à Somália. Mas não posso voltar atrás. Faço meu melhor para seguir em frente.
Vai lá: A casa do céu, ed. Nova Conceito, R$ 34,90