Porque você pode se doar – literalmente – e viver para contar
“Ela deu seu rim, ele pediu seu coração.” Assim era o título de uma matéria que contava a história da americana Taesha Benson, 32 anos, e de seu namorado, Travis Spire-Sweet, 30. Ambos lindos de morrer, ele sofria de uma doença no rim desde pequeno. O casal namorava havia apenas um ano, quando ela decidiu dar-lhe o chamado “presente da vida”: um de seus rins. Sua decisão veio depois de ela descobrir que, nos Estados Unidos, cerca de 95 mil pessoas esperam por um transplante de órgãos; e 18 morrem por dia, na espera. Taesha era compatível como doadora. A operação aconteceu no último Dia dos Namorados, celebrado nos EUA em 14 de fevereiro – também Dia Nacional da Doação de Órgãos. Ambos estão bem. Muito bem.
Em uma noite de maio passado, no estado de Kansas, onde eles moram, o casal foi homenageado durante um jogo do principal time de beisebol da cidade: naquela noite, promovia-se a doação de órgãos durante o evento, onde voluntários educavam o público sobre o assunto. O casal teve alguns privilégios, como sentar na primeira fila e o direito a chegar mais cedo para assistir ao aquecimento. Além disso, Travis foi chamado no meio do campo, para fazer um lance de bola, a ser agarrado pela namorada, também no campo. Mas ele fez mais: na frente de um estádio lotado, e televisionado no telão, ajoelhou-se e disse a ela: “Você me deu o futuro que eu sonhava. Te amo mais do que qualquer outra coisa neste mundo. Você quer passar o resto da vida comigo? Você quer casar comigo?”.
Se você está com lágrima nos olhos, saiba que, com um passado saudável, qualquer pessoa – de qualquer idade – pode ser doadora, em vida, de rim, pulmão, fígado, pâncreas e medula óssea. No Brasil, o transplante pode ser feito ao cônjuge ou a familiares; para pessoas sem parentesco, exige-se uma autorização judicial (mas vale a pena!) – quase todas as cirurgias são pagas pelo governo. A média de fila de espera é de 70 mil brasileiros sonhando com diferentes órgãos. Em morte (deixe seus parentes avisados), pode-se doar muito mais, incluindo tecidos, córnea e coração. Nesse caso, de verdade.
Vai lá: adote.org.br / abto.org.br
Tania Menai é jornalista, mora em Manhattan há 17 anos e é autora do livro Nova York do Oiapoque ao Chuí, do blog Só em Nova York, e também do site taniamenai.com