Turista que dá gosto!

por Ana Manfrinatto

Porque tem mais gente reclamando de Buenos Aires do que vindo aqui pra curtir!

Hoje tem churros na padaria!

Tá difícil dizer que existe amor em Buenos Aires porque a última semana parecia uma gincana. Na terça fazia um calorão e, por causa da greve dos garis, a cidade estava transbordando de lixo. Na quarta rolou um apagão que deixou vários bairros sem luz (o meu incluído) e gerou um caos no trânsito porque sem luz metrô e trem não funcionam – ah, também não dá pra fazer freela.

Na quinta a energia voltou em alguns lugares, o lixo continuava se acumulando e rolou o maior panelaço do ano com o qual eu não tô muito de acordo, não. Na sexta, bem, caiu uma tempestade que alagou metade da cidade e fez com que eu (e mais uma galera) chegasse como um pinto molhado no trabalho. O lixo? Ficou flutuando pela rua, é claro.

Mas se outros tantos estrangeiros e eu escolhemos morar aqui é porque a cidade tem coisas geniais, né? E ultimamente os turistas só reclamam dos preços altos, da sujeira nas ruas, da água que é salgada, da Coca-Cola que é caríssima e da jaqueta de couro que não dá mais pra comprar.


Eva Perón estampada no Ministério da Saúde

Okey, tudo isso é verdade.

A inflação tá foda e a cidade não é mais a pechincha de outrora. O que eu não entendo é porque os turistas pagam o mesmo valor em reais em um chaveirinho da Torre Eiffel e, aqui, não compram o do Obelisco porque acham caro. Verdade seja dita, todo mundo adora fazer umas comprinhas quando viaja. Mas o objetivo de qualquer viagem não é conhecer, passear, observar, trocar...?

É por essas e outras que eu, literalmente, quase chorei de emoção com o e-mail de duas amigas que vieram passar uns dias aqui em outubro. Infelizmente só consegui sair com elas uma noite mas elas tavam TÃO num pique de conhecer e de se jogar que anotaram as dicas, entraram em contato com amigos meus e voltaram pra São Paulo felizonas com o que viram – e não reclamaram dos preços nem perguntaram onde era o bairro dos outlets.


Amo esses pôsteres!

Olha só:

Aníssima!

Escrevo para agradecer a preciosa recepção que deu a mim e a Laís em Buenos Aires. A noite na Catedral do Tango foi especial e nos transportou, imediatamente, para a atmosfera portenha, suas cores e personalidades fortes, ritmos passionais e adornos "vintage". Foi sob a magia daquele lugar que, além do másculo-doce-pueril Juan, conhecemos o “rock” Gustavo e a belíssima Negra. Na noite seguinte, eles nos proporcionaram uma experiência inesquecível no Konex (me senti numa fábrica abandonada da Rússia) e um dos shows mais envolventes de nossas vidas: La Delio Valdez.

Partiu de você também a animada indicação de conhecermos um dos eventos do Festival Escena, na Casona Iluminada, para a Arenga Futuro. Lá presenciamos outro show do bom com a louquíssima Guadalupe Soria, cenas “estranhas com gentes esquisitas” e muchachos argentinos que, como nós, estão lançados ao desafio do teatro em grupo. Embaixo da Casona, ouvimos um tango tradicional a la “Cauby” (haha!) e tomamos cerveja com a figuraça Juana Repetto, que ao longo da noite descobriríamos que era a filha de uma vedete e de um apresentador famosos em BsAs. Haha!

No mais, amamos a cidade, seus prédios antigos com arquitetura em estilo francês; os grandes bosques, parques e jardins para convivência pública; o charme dos cafés e dos bistrôs; a agitação das feiras de rua; o estilo retrô que está em toda parte; o bom gosto dos argentinos e sua boa vontade para nos explicar como chegar aqui ou alí; as sorveterias; livrarias; a cumbia... enfim. Foi muito, muito bom.
Agradecemos muito seu carinho !!

E ah: nos passe o contato da Negra para que possamos também celebrar com ela esses últimos dias.

Bjs com saudade e vontade de estar aí para curtir Morbo y Mambo!
Mirian

Não é a coisa mais linda esse e-mail? Isso, sim, é turista que dá gosto :)

*Ilustrei o post com fotos capturadas pelo olhar da Mirian e da Laís.

fechar