O desafio era o jeans coladinho, de lycra. “No começo pensava: ‘Se colocar a bermuda G é tão difícil, como vou vestir uma calça justa?’”, revela a consultora de inclusão e atriz Tabata Contri, 32 anos. O começo foi em 2003, quando ela sofreu o acidente de carro que a deixou paraplégica. A autonomia para conseguir vestir sozinha os jeans que tanto amava veio depois de sessões intensas de fisioterapia e um sem-número de adaptações – que só reforçaram o gosto pela moda. “Não é porque sou cadeirante que tenho de estar malvestida. Quero quebrar esse tabu de que somos coitadinhos.”
Mas essa independência esbarra no mercado da moda, incapaz de atender quem está fora dos padrões. “Ainda não existem marcas preparadas, infelizmente. A gente tem que se virar”, lamenta. “Nem todas as lojas têm provador acessível. Quando tem, está ocupado ou obstruído por araras. Às vezes compro e só provo em casa. Se preciso, troco depois.” Outro ponto é a modelagem das roupas. As calças precisam ser compridas para cobrir as canelas e ter cintura alta, “para não pagar cofrinho”. “Se um modelo dá certo, já compro três!”, avisa, sempre de bom humor.