Sobre a gente diferenciada

por Ana Manfrinatto

Pelo menos aqui na Argentina, rico também anda de metrô

Não vou entrar em detalhes sobre a polêmica do metrô em Higienópolis porque vocês obviamente estão muito mais por dentro do que eu. É que além da vontade de comparecer ao churrascão amanhã, gostaria de comentar que, aqui em Buenos Aires, rico também utiliza o transporte público.

Eles também têm carrão na garagem e smartphones. Usam roupas, bolsas e relógios de marca. Mesmo com o euro custando mais de seis pesos argentinos, eles também viajam para a Europa nas férias.

Verdade seja dita, o pensamento deles em alguns pontos pode ser bastante parecido com o dos integrantes da Associação Defenda Higienópolis, mas, no entanto, eles pegam o mesmo subte, tren ou bondi (metrô, trem, ônibus) que eu pego para ir ao trabalho.

O motivo? Bom senso! Afinal de contas é muito mais lógico se deslocar de metrô, por exemplo, porque a passagem é barata, não tem que pagar nem se preocupar com estacionamento e ainda dá pra ler o jornal. O carrão fica na garagem e sai para dar um rolê no fim-de-semana.

Sim, o metrô está sempre cheio na hora do rush e é preciso ter bastante contato corporal com demais integrantes da sociedade civil, sejam eles “gente diferenciada” ou não.

Mas se chique é ser inteligente, essa galera viajada e estudava deveria saber que a tolerância e o multiculturalismo estão entre as coisas mais valiosas deste mundo, né?

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