Só Jorge Ben salva

por Ana Manfrinatto

Ínfima homenagem ao mestre e a explicação de porque ele é sinônimo de bagunça na Argentina

Foto de capa do

Como dizem por aqui, hoje estou “sacada”. Isso quer dizer P da vida, NELVOSA, com sangue no zóio, chame como quiser. Dentre outras coisas, a culpa é da burocracia argentina (que só perde pra italiana) e, pra ajudar, eu estava escutando Racionais – que, convenhamos, é BÁRBARO mas não é nenhuma canção de ninar e só faz aumentar a sensação de que está tudo errado e que o apocalipse será depois de amanhã.

Sem Maracujina nem água de melissa ao meu alcance, fui lá na Rádio UOL (é assim que eu escuto música no trabalho, gente) e fiz uma seleção crocante por fora e cremosa por dentro de músicas do Jorge Ben. Daí eu lí no Twitter que hoje é aniversário dele e TIVE QUE compartilhar a informação com o meu irmão oriental no MSN:

Ana Manfrinatto diz:
hj é aniversário do mestre

Leo Nishihata diz:
jorge?

Ana Manfrinatto diz:
quem mais?

Disse “quem mais?” porque se não é ele é quem? O Jorge Ben me acompanha desde a adolescência quando a gente morava no país tropical e chamava o síndico. Daí, na época da faculdade - não existia iPod! – a gente ia descobrindo os “sons antigos” de quando o Ben Jor ainda era só Ben.  

O Leo e eu íamos à Galeria do Rock e à Neto Discos felizões pra ver se a gente descobria algum álbum que até então fosse novo pra nós. Nessa época começaram as festinhas de samba-rock e a gente nem sabia que, uma década depois, cada música ou álbum fizesse a gente lembrar para sempre de algum momento das nossas vidas. Sem exagero nenhum eu posso dizer que a Tábua de Esmeraldas já salvou a minha vida!

Sim, eu queria desabafar. Sim, eu queria dar parabéns para o mestre. Mas este post tem, sim, um gancho com a Argentina e com a vida Nos Ares. Duvida? Eu conto!

Sabe aquele momento da festa de formatura do primo ou do casamento da amiga do interior em que a dignidade de todos os presentes já foi parar pra lá de Bagdá; que rola axé e funk carioca PLUS todo mundo dançando com umas bugingangas trazidas da 25 de Março (chapéu em forma de caneca de cerveja, óculos gigante, anteninha de diabo, pingentes pisca-pisca etc.)? 

Pois bem, este mesmíssimo momento também é tradição nas festas argentinas e tem nome: CARNAVAL CARIOCA. Sabe por quê? É que em vez de “Juliana não quer sambar”, “na 4X4 a gente zoa” e “te dei o sol te dei o mar pra ganhar seu coração” (LOVE Luan Santana); o que rola é um medley com músicas brasileiras PORÉM tocadas por uns gringos e acompanhadas por um enorme trenzinho na pista de baile voilá, taí o carnaval carioca! São cerca de 15 minutos de descontrole geral da nação embalados por uma sequência de: Taj Mahal, Upa Neguinho, Zazueira, Brigitte Bardot, Ai Ai Caramba, País Tropical, Você Abusou, dentre outras.

Onde é que entra o Jorge Ben e ele mesmo enquanto símbolo de bagunça nesse samba-do-gringo-doido? É assim… A música “Taj Mahal” começa com um “Tê tê tê tê, tê tê tê tê”, não é mesmo? Só que os autores do medley pronunciam “Pê pê pê…” e, logo, aqui na Argentina quando alguém quer se referir à bagunça, oba-oba, baixaria, esculacho etc., neguinho diz PE PE PE PE. 

Juro que é verdade, gente!
E acho que se pá o Jorge Ben nem tá ligado nisso, né? ;-)

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