Ser negra no Brasil é (muito) foda

por Redação
Tpm #141

Da atriz Juliana Alves à ministra da igualdade racial Luiza Bairros: mais de 50 mulheres discutem o que é enfrentar machismo e racismo ao mesmo tempo

A pequena Lara, que você vê na foto acima, tem 9 anos e é sobrinha da atriz Juliana Alves, nossa personagem de capa. Nesta edição dedicada ao combate ao racismo (assim como nossa revista-irmã, a Trip), as duas são o abre-alas de um caderno especial em que figuras interessantes refletem sobre o que é ser mulher e negra no Brasil hoje – e o que queremos que seja no futuro.

O racismo é crime no Brasil, mas se manifesta todos os dias nas mais diversas situações. Citando a antropóloga Lilia Schwarcz, “o Brasil foi o último país do Ocidente a abolir a escravidão, o que mais importou escravos e o lugar onde a escravidão moderna durou mais. Não saímos dessas marcas de uma maneira leve”.

Sim, a coisa está ruim pra todo mundo. Mas ela é ainda mais perversa para as mulheres. A questão da raça somada ao machismo resulta num mundo em que crianças que nascem com o sexo feminino e a pele negra tenham de enfrentar muito mais obstáculos para conquistar os direitos mais básicos e realizar seus sonhos. Queremos que isso mude. E que a Lara possa ser o que quiser na vida, sem tanto sofrimento.

Mulheres negras ganham apenas 38% do salário de homens brancos

 

A despeito do crescimento das taxas de escolarização, a presença de negras nas universidades ainda é menor que a de brancas

 

A mortalidade materna de mulheres negras está 65% acima da de mulheres brancas

A atriz Juliana Alves, 32 anos, já foi integrante da ONG Criola e, neste Carnaval, encarnou a rainha de bateria da Unidos da Tijuca. Ela acredita que as mulheres negras são as mais vulneráveis da sociedade

Samira Carvalho tornou-se tornar uma modelo reconhecida internacionalmente mas questiona o rótulo “étnico” que insistem em colocar nas negras

Jacira Roque de Oliveira, 49, mãe do rapper Emicida, nunca se conformou com a máxima de que “preto e pobre não tem direito” e foi à luta para mudar a sua vida e a de seus quatro filhos

Para a cantora Ellen Oléria, 31, vencedora da edição de 2012 do The Voice Brasil, assumir as diferenças é o primeiro passo para derrubar o preconceito

Aos 24 anos, Elisa Freitas se tornou a primeira negra eleita Miss Santa Catarina, mas diz nunca ter sofrido racismo

Luiza Helena de Bairros, 60 anos, ministra da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial e uma das principais lideranças do movimento negro, luta por uma real punição a quem comete crimes de racismo

Uma das fundadoras do Geledés – Instituto da Mulher Negra, Sueli Carneiro, 63 anos, acredita no movimento social para enfrentar a discriminação e o confinamento que a mulher negra conhece no dia a dia

A consulesa da França no Brasil, Alexandra Loras, 36 anos, percebe o racismo velado que existe no país, mas aprendeu a abstraí-lo

Quatro mulheres que já tiveram que lidar – e continuam lidando diariamente – com a crueldade da discriminação por causa da cor da pele contam como combatem o racismo e o que as move

fechar