Gabriela Monteiro nasceu e cresceu no morro da Babilônia, zona sul carioca. Mas desde muito nova teve contato com pessoas de outras classes sociais. “No Pedro Segundo, colégio público em que estudei, tinha gente com muita grana”, conta. Foi ali que começou a perceber que a roupa era um jeito de se diferenciar e de se impor. “Nunca quis ser ‘a menina da favela’. Assim fui construindo um estilo, que hoje é uma mistura da fase skatista com a fase rocker, com a fase jogadora de vôlei de praia.”
Aos 26 anos, o que mais chama a atenção em Gabriela é o cabelo crespo, lindo e muito bem resolvido. Ela sabe que ele atrai olhares e não liga para o que dizem. Quer dizer, não liga se o comentário não for racista, como aconteceu na faculdade, onde duas professoras fizeram piadinhas discriminatórias com cabelos black power. Gabriela é a única aluna negra do último ano da faculdade de moda na PUC do Rio. Constrangida e angustiada deixou de frequentar as aulas das professoras em questão. Resultado: foi reprovada. Quando se deu conta do absurdo resolveu colocar a boca no trombone. O post no Facebook onde relata a história tem mais de 10 mil curtidas. E hoje há um processo na Justiça e uma sindicância interna na universidade. “Não é um problema das professoras, é da sociedade no geral. Quero ver a discussão se ampliar. Não vou me calar.” Tamo junto, Gabi!
SEGUNDA-FEIRA: “Não tenho aulas às segundas, então trabalho na Exímia, minha marca de joias com materiais não convencionais. O escritório fica no centro, vou de ônibus.” Camisa Marie Moda Rio Short “Comprei no brechó da Igreja Nossa Sra. de Fátima” Cinto e bota Cantão Bolsa Banana Republic Óculos Farm Pulseira “Ganhei de um catador de lata na rua. Achei o gesto tão lindo que não tiro mais”
TERÇA-FEIRA: “Tenho aula na faculdade pela manhã. Como vou de bike, preciso de conforto. A camisa eu tiro, pedalo de biquíni, chegando lá, visto novamente.” Polo masculina Quiksilver Short e pulseira “Os mesmos de segunda” Brinco Exímia “Minha marca. Pra quem gostou: eximia.iluria.com” Bolsa “Fiz com um tecido mexicano” Meia “Cortei uma meia-calça”
QUARTA-FEIRA: “Lavo meu cabelo só uma vez por semana, geralmente perto do sábado. Quando ele vai ficando mais sujinho, recorro ao turbante.” Vestido brechó Coisas do Arco da Velha Bolsa Uncle K. Tênis Adidas Turbante “Feito com canga do brechó Coisas do Arco da Velha” Pulseira “A mesma de segunda, que, como eu disse, não tiro!”
QUINTA-FEIRA: “A aula é longa, vai das 7h às 13h, pede uma roupa confortável. Quando saio de chinelo e tenho algum programa à tarde levo um sapato na bolsa.” Macacão Eclectic Top Luv Sandália Havaianas Bolsa e pulseira “As mesmas que usei na terça-feira”
SÁBADO: “Tenho ajudado meu primo no restaurante novo, no morro da Babilônia. Muitos dias, durmo lá, aí levo uma muda de roupa na bolsa.” Top Teen Action Colar “É o brinco da minha marca transformado em pingente” Bolsa Banana Republic Short “Eu que fiz” Sapato “O mesmo que usei na sexta”
DOMINGO: “Tem samba no restaurante, então tô sempre lá. Ajudo meu primo e aproveito para convidar meus amigos.” Camisa Seventeen Top Nike Short “Minha tia fez para minha mãe quando elas eram novinhas” Bota Cantão Bolsa “Uma amiga trouxe do Marrocos”
SEXTA-FEIRA: "Como não tenho aula, comecei a trabalhar como assistente da stylist Carla Lemos, do blog Modices. O turbante é bom para os dias de produção, fico mais livre.” Vestido Totem Sapato Melissa Cinto Cantão Bolsa “A mesma de terça” Óculos Brechó Coisas do Arco da Velha Canga usada como turbante “Comprei na praia”