Lurdez da Luz conta de sua nova fase, maternidade, mulheres e liberdade. E claro, música!
Com o lançamento do clipe da música "Levante", Lurdez da Luz, 31, marca um nova fase na carreira. O momento é promissor para artista. Junto com o novo single, veio a indicação a melhor clipe do ano e melhor artista feminina no VMB - premiação realizada pela MTV.
Há 12 anos ela compõe e canta rap e, desde 2009, segue em trabalho solo. De vocalista do grupo Mamelo Sound System a integrante do projeto 3naMassa, a paulistana recebeu seus primeiros embalos quando ouvia a mãe usar clássicos da música brasileira para ninar sua infância. O violão mal arranhado pelo pai poeta foi o outro empurrão que a jogou no meio.
Ela falou à Tpm sobre a nova fase, sobre maternidade, mulheres e liberdade. E, claro, sobre música.
Quais são suas principais influências pra fazer música?
Lurdez da Luz - A musica de outras pessoas! Principalmente a música negra de alguns lugares em especifico, como Estados Unidos, Jamaica, África e Brasil. E gosto muito de todas as evoluções do hip hop fora do Estados Unidos também, como a musica eletrônica de Londres relacionada ao hip-hop. Mas pra escrever me inspiro na vida mesmo, daí vem o poder da rima, o incessante jogo de palavras que fica na mente. Daí as citações de outros tipos de arte que eu gosto, analogias e metáforas.
Quem são as mulheres incríveis que você admira e te inspiram?
Eu acho a Elza Soares, Billie Holliday e Nina Simone a tríade da música. Elas me inspiram enquanto entidade mesmo, assim como Osun [orixá]. Eu também gosto muito de atrizes, acho que é uma profissão perigo, admiro. Aí tem várias aqui e em Hollywood, de todas a gerações, tipo a Uma Thurman, Juliane Moore, Gena Rolands, Natalie Portman, Anne Hathaway, Betty Davis. Aqui piro na Marisa Orth, Helena Ignez, Cacilda Becker, Odete Lara, Norma Bengell, Yoná Magalhaes, Betty Faria, Camila Pitanga, Dira Paes. E por aí vai...
Você é mãe de um menino, né? Depois de ser mãe, o que mudou em você e na sua música? Até onde a maternidade influenciou seu trabalho?
Sim, do lindo Roge Kenan, de 6 anos! E ele mudou tudo! Foi quando comecei uma carreira solo, tive disposição pra botar minhas faixas na rua, algumas que já estavam na gaveta há muito tempo. Mas é menos tempo sem dúvida nenhuma para dedicar a carreira. E tudo bem! Eu só estou menos na rua, menos no game. Mas o moleque vai crescendo e e vou tomando de volta e melhor a vida profissional.
O que representa ser uma mulher no rap, especialmente no Brasil?
Eu sempre toquei e convivi com todas as cenas. Sempre que canto em festa que só toca rap as pessoas gostam, e espero mesmo é representar todas as mulheres que estiverem na casa ou ouvindo quando eu estou rimando. O que eu acho muito bom aqui no Brasil é que esse lado mais pimp shit não cola muito. Os caras falam de mulher de um jeito bem legal. Hoje, quando não é mais uma questão pessoal, tipo "aquela vadia que deu brecha" nem toda mina é isso ou aquilo.
"Não posso dizer que não é diferente de tudo que eu tinha feito. Mas não tem erro de continuidade, sou euzinha ali, de corpo e alma. Esse lance de sexy é bom, tudo que é sexy é bom!"
No seu último clipe, "Levante", uma Lurdez mais sexy aparece. De corpo mais a mostra, comunicando uma sensualidade nova pra quem já te conhecia de outros trabalhos. Como foi essa mudança? Por que decidiu realizá-la agora?
Não posso dizer que não é diferente de tudo que eu tinha feito. Mas não tem erro de continuidade, sou euzinha ali, de corpo e alma. Esse lance de sexy é bom, tudo que é sexy é bom! [risos] Tô nessa. E não só pelo corpo a mostra, porque isso desde sempre, dependendo do clima e do meu humor, rolou. Acho que é mais assumido só, porque o som é mais direto. Então toda a atitude pra mandar ele tem que ser também, enfim. Não é uma questão de decisão, acho é mais de coração. Primeiro veio o som, depois as demais coisas. Tem a ver com auto-confiança topar fazer um clipe que é só você o tempo todo.
Você vive em um universo muito masculino, cercada por meninos por causa do rap. É um meio extremamente machista também? Alguma vez se sentiu desconfortável ou cobrada de forma diferente por ser mulher?
Não gosto de analisar isso de meio machista. Acho que hoje em dia é só um clichê. Cobrada por ser mulher sinto pela sociedade como um todo. Tem dois pesos e duas medidas com certeza, e isso é injusto às vezes. Mas que prevaleçam as diferenças saudáveis. É muito bom ser mulher.
Conquistamos uma liberdade que outras gerações de mulheres não experimentaram, pelo menos não de uma forma tão igualitária quando o assunto é homem e mulher. No trabalho, nas relações, no poder de decisão e no poder de expressão: você se sente mesmo livre?
Não me sinto livre totalmente, mas eu busco por isso dia a dia. Acho que liberdade é a palavra mais cheia de significados. E é tão incompreensível quanto Deus, você pode sentir que existe, pode sentir a força, mas não sabe de toda magnitude se você não buscar.
Abaixo, ao novo clipe, "Levante":
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