A diretora e roteirista Mara Mourão lança documentário sobre empreendedores sociais
"É possível mudar o mundo" pode parecer uma utopia perdida em alguma época entre Woodstock e o início dos anos 80. Mas para a diretora e roteirista Mara Mourão, a frase passou a fazer todo o sentido do mundo após o término do documentário Quem Se Importa. "Não é uma frase piegas, nem infantil e nem um sonho. É possível, é só querer e fazer", diz.
A cineasta, mais conhecida pelo seu trabalho com comédias [Alô e Avassaladoras], é também autora do documentário Doutores da Alegria, que recebeu um selo da Unesco e foi indicado ao Emmy. E foi depois de ter entrado em contato com o grupo de voluntários que se vestem de palhaço para visitar crianças doentes que ela passou a se interessar por outras pessoas que fazem trabalhos sociais.
Para o novo filme, Mara visitou 7 países diferentes: Brasil, Peru, USA, Canadá, Tanzânia, Suiça e Alemanha atrás de seus personagens: os mais diversos empreendedores sociais e suas histórias fantásticas.
Para completar, o galã Rodrigo Santoro sai da frente das câmeras e empresta sua voz para narração do documentário, que tem estreia prevista para sexta, 13 de abril, em São Paulo, e 20 de abril no Rio de Janeiro.
Batemos um papo rápido com a diretora sobre suas motivações, e como esse projeto mudou a sua vida.
O que te motivou a fazer o documentário?
Mara Mourão: É simples. Eu fiz duas comédias, e a reação do público a essas comédias era muito boa, mas sempre ficava no "ri muito", "me diverti muito". Às vezes eles até tiravam alguma lição, mas não era esse o foco. Aí quando eu fiz o Doutores da Alegria a reação ao filme teve outra magnitude. Professores diziam que tinham mudado o jeito de ensinar após a exibição, jovens mudaram o rumo de suas carreiras... Foi um impacto muito grande. Então eu resolvi fazer um espécie de upgrade no Doutores, que é o Quem Se Importa. Nele eu retrato várias organizações sociais e falo sobre o que é ser um transformador e o filme procura inspirar as pessoas a serem mais pró-ativas. Minha intenção foi poder causar uma transformação nos jovens. É claro que o filme irá atingir a pessoas de todas as idades, mas principalmente os jovens, que precisam de uma causa que não seja somente a ambiental. Eles precisam se mobilizar e lutar por algo melhor.
"Fui inspirada pelo próprio filme e por todos que participaram dele. São exemplos de pessoas incríveis que arregaçaram as mangas e não ficaram paradas frente às dificuldades"
Observar a ações dessas pessoas tão de perto fez com que você mudasse algo em sua vida?
Totalmente! A minha vida e de algumas pessoas da minha equipe mudou muito. Eu até comecei um
movimento no meu bairro. Obviamente fui inspirada pelo filme e por todos que participaram dele. São exemplos de pessoas incríveis que arregaçaram as mangas e não ficaram paradas frente às dificuldades. Eu consegui mobilizar o meu bairro graças a o que eu aprendi com ele. Montei um grupo online para discutir as questões comunitárias, é um movimento para os moradores se conhecerem, desde um cachorro perdido até uma questão de segurança. Os empreendedores sociais me ajudaram a perceber que é possível mudar o mundo, que isso não é uma frase piegas, nem infantil e nem um sonho. É possível, é só querer e fazer.
E os próximos planos?
Quero fazer uma série de televisão sobre empreendedores, também tenho um projeto de ficção, uma comédia e um outro documentário. Enfim, muita coisa pela frente!
Vai lá: www.quemseimporta.com.br
Veja abaixo o trailer de Quem Se Importa: