Tpm / Arte

por Natacha Cortêz

Amigos criam ferramenta de mapeamento, divulgação e compartilhamento de arte em SP

 

Três amigos que amam arte e São Paulo se uniram pra colocar em prática uma ideia que misturasse cultura, a Capital e tecnologia. Lara Alcadipani, jornalista e redatora especializada em Estéticas Tecnológicas, Jaqueline Beltrame, produtora e gestora cultural e uma das responsáveis pelo festival Cine Esquema Novo, e Vinícius Stein, artista plástico e web designer são os criadores do Projeto Rizoma, uma nova ferramenta de mapeamento e compartilhamento de informações sobre a produção artística na cidade.

Diante da vontade de aproximar artistas e público, e também do desejo de explorar o potencial das ferramentas digitais para estreitar essa relação, tudo foi pensado para funcionar em um espaço atraente e gratuito. Para isso, uma plataforma online foi criada. Nela, uma cruzamento de informações sobre manifestações artísticas vão construindo um mapa de design simples e intuitivo. A ideia é que o sistema seja de fácil acesso para que haja de fato uma aproximação do público com a arte.

Para entender e saber mais sobre o Rizoma, conversamos com a equipe por trás dele.

Tpm. Como surgiu a ideia do projeto? Foi inspirada em algum outro? O Projeto Rizoma se formou por um cruzamento de ideias, juntando aquilo que cada um de nós sentia falta de ver realizado. Começou com um projeto da Lara, para uma revista digital com mapeamento de portfólios de artistas. Em conversas com o Vinicius e com a Jaque, os dois entraram com novas ideias que formaram o que o projeto é hoje - um mapa, com um banco de dados elaborado para atender pesquisas e consultas variadas e pronto para oferecer resultados expansíveis e cruzamentos de informação, que acabamos por nomear como rizomas.

Por que o nome Rizoma? O nome Rizoma veio de uma leitura importantíssima para nós três, que é a do filósofo francês Gilles Deleuze, que estudou e conceituou esse fenômeno da informação em rede. Para ele "o rizoma se refere a um mapa que deve ser produzido, construído, sempre desmontável, conectável, reversível, modificável, com múltiplas entradas e saídas, com suas linhas de fuga". E esta foi a nossa inspiração principal não só para o nome do projeto, como para a função que gostaríamos que ele oferecesse ao público. O Projeto Rizoma é uma oportunidade não apenas de encontrar conteúdo e informações sobre artistas, locais e eventos dedicados à arte que você já conhece, mas também o de tomar contato com outros que você não conhecia, talvez por nunca ter tido acesso. E isso se dá a partir de um sistema de busca que oferece resultados complementares ao da busca inicial.

Quanto tempo tem o projeto? O processo levou pouco mais de um ano, contando todas as conversas para chegar neste formato, busca de financiamento, desenvolvimento da ferramenta, pesquisa e cadastros. É importante dizer que o projeto foi realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura - Programa de Ação Cultural - 2011.  
 
É difícil encontrar os artistas e os eventos? A divulgação de arte em São Paulo é eficiente? Aqui talvez seja importante ressaltar a existência de um grupo de pessoas já iniciado em arte, para quem as informações talvez venham de forma mais natural, espontânea. Com o Rizoma, queremos atender a este grupo, mas não só a ele. Esperamos também falar com o grande público, com um público muitas vezes leigo quando o assunto é arte, mas já acostumado a, por exemplo, usar a internet como ferramenta de informação e conhecimento. Por isso, inclusive, escolhemos a plataforma digital como base de construção dessa rede de informações.

O projeto acontece apenas no meio virtual ou também age no ambiente físico? Existe vontade de levá-lo também para o físico? O Projeto Rizoma foi concebido como uma ferramenta online. Nossos planos são de expansão para outras cidades, criar aplicativos, conteúdo crítico, sempre permanecendo no meio digital.

É o primeiro projeto do tipo em São Paulo, certo? Com esta proposta de entrega de conteúdos expansíveis e busca cruzada, podemos dizer que sim, o Projeto Rizoma é o primeiro do tipo. Porém mapeamentos e distribuição de conteúdo online estão cada vez mais se tornando comuns, e já existem outros projetos, tanto para temas relacionados à arte quanto serviços diversos.

O que um artista deve fazer para ter seu trabalho no Rizoma? Criamos um contato direto para a receber material, informações e portfólios de artista, que é o: contato@projetorizoma.com. E não são apenas artistas, galeristas, jornalistas que podem nos enviar materiais. Queremos receber indicações dos próprios usuários, de que artistas e eventos eles gostariam de ver por lá. Todo tipo de informação é útil e super bem-vinda, mas fazemos uma seleção do que cadastrar. O que fazemos depois é um trabalho de pesquisa para entender o fôlego daquela produção e seu valor enquanto investigação estética no campo da arte contemporânea.

Em longo prazo, qual é a intenção do projeto? Temos uma série de próximos passos já programados para acontecer. Como o projeto é bastante complexo, estabelecemos entregas em fases e temos muitas delas a realizar ainda. Mas o principal agora é realizar ajustes na ferramenta e melhorias para entregar o que já temos cada vez melhor ao usuário. Vale dizer também que escolhemos manter o "projeto" como parte do nome da ferramenta justamente como lembrança de que ele nunca terá fim, está sempre em atualização e sendo repensado por nós, pelos artistas e pelo público.

Houve alguma surpresa ou descoberta interessante com o Rizoma? Como pesquisadores, tomamos conhecimento de muitos artistas que não conhecíamos. E esta é a surpresa que queremos que os usuários tenham: através de uma pesquisa inicial, se deixar levar através das expansões a novos nomes, descobertas. 

Vai lá: www.projetorizoma.com.br

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