A pintora Lee Price, 46 anos, já fez algumas loucuras com comida: às vezes devorava uma torta inteira numa garfada ou comia 15 bolinhos, quando a fome pedia apenas um. Os exageros passariam despercebidos não fosse o tema central do trabalho de Lee, uma pintora hiperrealista de Nova York. Em muitos de seus quadros, ela mesma aparece nua na banheira, devorando potes de sorvete. As imagens são, ao mesmo tempo, leves e perturbadoras. Entram sem pedir licença na intimidade dela e, ali, entre quatro paredes de azulejo, mostram duas coisas normalmente escondidas, que são motivo de culpa para as mulheres: corpo e compulsão. Pintando as duas juntas, Lee diz buscar a nudez real, que só aparece quando estamos a sós. “O banheiro é privado, é para onde as pessoas levam seus segredos”, explica a pintora à Tpm. Mesmo sem teor sexual, as telas acabam expondo anseios também nessa área. “Na cultura em que cresci, comer demais era motivo de vergonha. O corpo e o sexo, idem.”
