por Flora Paul

A peça Ménage, com Domingas Person, discute problemas de relacionamento no Sesc Copacabana

“Me defino mais pelas coisas que tenho e gosto. Adoro comprar sapatos e coisas tecnológicas. Tudo que puder ser comprado é interessante para mim.” Assim é Verônica. Seu casamento está ficando tão frio quanto a relação que ela tem com tudo em sua vida. É consumista, precisa ter todos os gadgets, sempre de olho em seus aparelhos eletrônicos de última geração. E quando quer alguma coisa, quer agora, já. Com o marido, o fogo do casamento se foi e fica a frieza do consumo. Os dois competem quem consome mais. Na disputa,  nem mais se enxergam. Querem consumir tanto que, um dia, começam a comer a parede de sua própria casa.
 
Malu é o contraponto de Verônica quando se pensa em consumo. Também é rica, grã-fina, pode comprar o que quer, mas é interessada no consumo consciente, no politicamente correto. Gosta do orgânico. Enquanto Verônica tem seu casamento abalado pela necessidade do consumo desenfreado, o de Malu tenta se sustentar apesar dessa obsessão pelo correto.
 
“Será que é que é possível encontrar na rua uma pessoa que é bacana, que tem os mesmo gostos que você, as mesmas referências, se apaixonar?”. Essa é a aflição de Maria. O seu contraponto com Verônica é sua busca pelo amor – coisa que a outra não busca nas pessoas, mas nas compras, talvez. Quando é abordada por um cara num café, fica na dúvida se deve ou não conversar. Mas como está a procura, sabe que quer. “Quem é que nunca passou por uma coisa assim, que nunca foi abordada por um cara na rua, numa balada?”. Resolve tentar engatar uma conversa.
 
Quem vive todas essas mulheres e discute o que elas esperam é Domingas Person, a atriz que interpreta Verônica, Malu e Maria na peça Ménage, em cartaz a partir dessa sexta-feira no Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro. Dirigida pela irmã, Marina Person, Domingas encarnou as personagens para contar suas histórias ao site da Tpm, por telefone. Verônica, acha, é o contraponto entre as outras duas. E a mais surreal, com sua compulsão por buscar materialmente o que não encontra em casa. “Mas muitas pessoas hoje em dia enfrentam isso. Quando estão infelizes no casamento, procuram coisas que estão fora em vez de tentar arrumar o que acontece lá dento. Quantas pessoas não se separam um ano depois de casar?”, questiona.
 
“O grande lance da peça é descobrir se vale a pena essa discussão dos relacionamentos. Malu tenta enfrentar os problemas. A Verônica e o marido, numa relação muito contemporânea, estão imersos em outras coisas para não lidar com eles mesmos. Pensando nisso, vem a Maria. Será que ela deve tentar encontrar uma pessoa?”, finaliza Domingas. 

Para saber a resposta, os cariocas podem conferir Ménage até 30 de agosto, em três textos, de David Ives, Joe Pintauro, Guilherme Solari e Ivo Müller, que também atua como os maridos das personagens.

 

Vai lá:
Peça Ménage no Sesc Copabacana
R. Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro
De 14 a 30 de agosto
Sexta e sábado às 20h
Domingo às 19h
Quanto? R$ 10 (meia para estudantes, idosos e classe artística) e R$ 2,50 (comerciários)
Tel.: (21) 2547-0156
Classificação etária: 12 anos

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