Preparem-se, tolos deputados, a festa gay está só começando!
Olaria de noite processa a agonia do braço arrancado
de poder de papa empossado
de posseiros, índios, garantias
que se tolhe do astuto o intento
o incenso de perfumar o dia
que se molhem amargados, escuros, podres de tanta agonia
os trunfos seguros da prole
os frutos maduros na via
se colhem alargados e frios
bonitos encolhem fastios
na penumbra de toda elegia cessa a pressa e a cria
O freio aperreia o silêncio, que a via esperava vazia
arde alvoroço há tempos, há tempos a voz silencia
rangendo falta de comida, tendo dela visão de longe
pega fogo a fome e consome
insone qualquer coisa que cure
e dure o tempo que salta
falta de sentidos nos âmagos
fogueira de estômagos e fúria
amor de cura e friaca
arregaça a carência do estúpido
Ressaca, mar sujo batendo
na praia de noite, de leve
se preze seguro e tranquilo
limpo, horizonte duro
rebento a sobrar na calçada, pessoa com placa pendurada
corpo igual a poste, pessoa desperdiçada
balança propaganda de edifício, condomínio melhor que aquele outro
vende bem, aluga e empresta vestido de noiva, de festa
anuncia ouro, dólar e artista
tira ponto de carteira de motorista
Ver se efeito surte, esperar olhar vagante
na rua de elementos vivos, poesia dura e constante.
Ir num cinema e sentar no banco, pegar uma pipoca e tanto
no balcão ou da que vende na rua, por centavos, com a manteiga pior
com a pipoca melhor, com a manteiga pior
Sentar-se no banco do cinema, falo na entrada, da parte da frente
onde entra o bolo de gente e recitar um poema
Receber olhar em floral, conta gotas desconhecido
guardar retalhos, bem usar depois
nalguma coisa malcriada, alguma coisa de dois.
Coisa que nem é nada, que nem pra lembrar dela serve
Fazer prece pro que não se entende e até pelo que não se acredita
Creditar ao outros acertos, elogiar qualidades e prazos, soltar fogos de valentias
e evitar embaraços
Quem nem o homem da placa, no pescoço pendurada
Passageiros chegam logo, quão mais apressados mais valiosos
Tempo é dinheiro do mundo de todos, mas pode-se pairar longe disso
De certo não entraremos no páreo, do áureo lucro do sucesso
o que não é desejado por perto, o que uma casa cuspiu.
Surtiu o efeito encoberto pelo recesso da causa
e a alma busca o correto, pensando pausa e labuta.
Depositada em nossos dias, precisa enguia de larva
a arma carrega consigo o efeito, o tiro e a culpa
a luta, a amarga, a correta, não causa no filho repulsa
ao passo que a ponta escorrega e remenda a catapulta.
Compare as dores, recusas, que arredias de amor sempre sofrem
mundo absorve, homem tolhe e por torpor desencolhe
colhe alagado riacho, ombro do macho fervendo
tremendo o grito entalado, dessa visão hedionda
na ronda seca o perito, tudo de indício de sede
sedes correta, estupenda, verdade do início de tudo
onde o amor, sempre mudo, espera liberdade de cima
e de cima lhe cospem direitos, alguns séculos depois
pois tenham em vossa cabeça, nos encantamos no intento
não se esqueçam, sonhando, que a responsa é de fé
que da suas boca saem vãs e vãs vão as vontades dos outros
mas vai implicitado no peito, estreito, esborrando o poço
secando o copo e o leito, batata assando de jeito
corais assustados com o deleite de vossas roscas queimando
Preparem-se, tolos deputados, a festa gay está só começando!
ps. Esse texto foi publicado na minha coluna mensal na Revista da Cultura, distribuida gratuitamente em todas as Livrarias Cultura