O hype das “malabags”

por Nina Lemos
Tpm #85

A moda agora é usar sacolas de pano para salvar o planeta

A moda agora é usar sacolas de pano para salvar o planeta. Mas será que é para isso mesmo ou é só modinha? Resolvi investigar o fenômeno depois de descobrir que já existe ecobag que custa R$ 7 mil

 

“O hit do momento é ter uma ecobag.” Depois de ler essa frase em um site de moda, comecei a ficar des­confiada e achando tudo muito estranho. Eco­bag, vo­cê sabe, é aquela sacola de pano, teori­ca­men­te fei­ta para que você evite as sacolas de plás­ti­co, que po­luem o mundo. Achamos OK a atitude poli­ticamente cor­reta. Agora, um acessório ecológico vi­rar “hit” do mo­mento, realmente, é uma coisa intrigante.

Fiquei ainda mais desconfiada quando vi que a Louis Vuitton lançou uma ecobag que custa mais de R$ 7 mil. Não estou exagerando. Falo sério: SETE MIL REAIS. Mensagem: “Você precisa ser politicamente correta, mas também precisa mostrar que é rica”. Co­mo assim? Ecologia virar sinônimo de status? Pois vi­rou. Prova é que grifes como Stella McCartney e Marc Ja­cobs também lançaram seus modelos.

“Acho que essa mania de ecobag de grife é coisa de quem não tem dinheiro para comprar uma bolsa da mesma grife, de couro, bem politicamente in­cor­reta”, decreta Hermés Galvão, editor da revista RG Vo­gue, e vai além: “Ecobag sempre existiu, era coisa de holandês que tem horta em quarto e sala, mas aí in­ventaram uma bolsa escrito ‘I’m not a plastic bag’ e is­so virou tendência”, diz o jornalista, que pensa em criar uma camiseta escrito: “I’m not a plastic person”.

De fato, a bolsa com esses dizeres, criada pela in­gle­sa Anya Hindmarch, foi uma das responsáveis pe­lo hype da sacola. A editora de moda Deborah Bres­ser é outra que vê a moda com desconfiança. “Acho uma chatice, detesto essa mania de pegar carona nas bandeiras e querer ganhar dinheiro com isso.”
Por aqui, só tenho mais uma coisa a dizer: TU­CA­NARAM A BOLSA DE FEIRA. E tem gente ganhando bas­tante dinheiro com isso. O mundo ainda nos sur­preende. E não exatamente para o bem.

P.S.: E além de salvar o planeta vamos salvar a língua por­tu­guesa? Por que não chamar de sacola eco?

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