Entre saias rodadas Laís Bodanzky* dirigiu o longa Chega de Saudade
Entre saias rodadas Laís Bodanzky* dirigiu o longa Chega de Saudade. Aqui, ela resenha seu filme, que já está nas salas de cinema
Antes mesmo de o filme Chega de Saudade ser um projeto bem definido, uma coisa já era certa para mim: teria o salão de dança como personagem. Sempre gostei de dançar, e o salão é sempre um mosaico de personagens fantásticos. O desejo pulsa em cada corpo. O charme e a sensualidade transbordam. Mas tudo isso esconde sombras de melancolia, solidão, avareza. Sempre senti nos salões de baile uma metáfora da vida.
A meu ver, é um filme feminino. Aborda questões universais, mas sob um ângulo próprio das mulheres. Você ganha, você perde. E, para ganhar, muitas vezes tem de ceder em algo. Nesse contexto, existe a verdade da esposa e a verdade da amante. A razão da casada e a da solteira. A glória da arrojada e a da tímida. Sem certo e errado.
Chega de Saudade pretende oferecer ao espectador a chance de ser uma mosquinha que pode se aproximar de uma mesa e ouvir segredos ditos ao pé de ouvido, ou a conversa de duas mulheres em frente ao espelho. Ele permite uma gostosa visita ao mundo dos bailes.
* Laís Bodanzky, 38, dirigiu Bicho de Sete Cabeças (2000)