Três mulheres dividem sua jornada de autoaceitação e mostram que o corpo ideal é aquele que te faz feliz
Sol, calor, praia, dias mais longos, festa na piscina, cervejinha com os amigos... Não é a toa que a estação mais quente do ano é a preferida de muita gente. E seria ainda mais se, ao chegar a primavera, não fôssemos bombardeados por uma inconveniente pergunta: seu corpo está pronto para o verão?
Sim, estamos em 2018 e ainda querem nos fazer acreditar que precisamos correr para a academia e fazer dieta para sermos felizes na praia. Ainda bem que cada vez mais mulheres rejeitam essa imposição e são capazes de amar seus corpos da maneira como eles são.
Conversamos com três delas durante uma tarde divertidíssima na Barra do Una, no litoral de São Paulo, e confirmamos: para ser feliz no verão, basta estar vivo.
Camila de Alexandre, 29 anos
Para a carioca Camila de Alexandre, 29, essa história de corpo pronto para a praia é uma grande besteira usada para oprimir ainda mais as mulheres: "Não sei vocês, mas eu só tenho um corpo e é o mesmo no outono, no inverno, na primavera e no verão", brinca. Recentemente ela perdeu alguns quilos, mas – diferentemente da adolescência, quando tentava dietas malucas – agora experimentou se alimentar direito e seguir uma rotina de exercícios físicos.
A mudança, segundo ela, foi movida apenas pela vontade de ter uma vida mais saudável. "Estava me sentindo pesada, vivia cansada e entendi que precisava me cuidar", conta. Se antes já exibia o corpo de biquíni sem problemas, agora tem adorado vestir modelos bem pequenos e ousar no fio dental. "Tem uma ou outra coisinha que ainda não gosto, mas entendi que esse é meu corpo, essa é a minha beleza. Não preciso seguir o padrão de mais ninguém".
Camila acredita que estamos vivendo um momento bom e que cada vez mais mulheres vão conseguir ter uma relação legal com o próprio corpo. "Quando eu era mais nova, quase não via meninas negras ou gordas nas revistas. Isso já mudou. Hoje temos a chance de entrar em contato com outras referências, ver pessoas de todos os tipos. Chegou a hora da gente se aceitar”, comemora.
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Luiza Junqueira, 26 anos
A youtuber Luiza Junqueira, 26 anos, tem uma relação tão boa com o próprio corpo que resolveu criar o canal Tá Querida para falar sobre autoestima e ajudar outras mulheres a se gostarem do jeito que são. Com mais de 490 mil inscritos no YouTube e 215 mil seguidores no Instagram, ela vive sendo parada na rua por meninas que se inspiram em sua atitude para superar as próprias neuras. Mas nem sempre foi assim: "Passei anos odiando meu corpo. Ia para a praia de roupa e ficava com marcas enormes do shorts e da camiseta porque morria de vergonha de vestir um biquini", conta.
Seu processo de autoaceitação começou com um trabalho da faculdade, quando decidiu fazer um curta sobre as partes do corpo que mais odiava. "Passei um tempo me fotografando todos os dias. No início foi difícil, mas ao longo do processo fui enxergando beleza em mim", lembra.
Nascida em São José dos Campos, Luiza mora no Rio de Janeiro e, agora de bem com o próprio corpo, não perde uma oportunidade de ir a praia com as amigas. Seu conselho para as mulheres que ainda não descobriram como se gostar assim? "Em vez de passar todos os verões tentando mudar seu corpo, use essa energia para mudar o seu olhar em relação a ele. É mais barato, mais inteligente e dura para sempre".
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Márcia Ishimoto, 26 anos
A fotógrafa paulistana Márcia Ishimoto, 29, percebeu os primeiros sinais do vitiligo no corpo há 13 anos. Na época, ainda adolescente, passou a usar maquiagem e a vestir calças e blusas de manga comprida para disfarçar as manchas. "Elas eram muito menores do que são hoje, mas eu morria de vergonha, achava que todo mundo ia reparar em mim", lembra. Praia? Nem pensar. Era surgir um convite e ela inventava uma desculpa para não ir. "Deixei de me divertir muitas vezes imaginando que as pessoas seriam mais preconceituosas, mas o maior preconceito estava dentro de mim".
Com o passar dos anos, Márcia foi aprendendo a se gostar. "Percebi que estava perdendo um tempo precioso da minha vida preocupada com algo muito pequeno. Tanta gente com problemas muito maiores e eu, cheia de saúde, é que ia reclamar?".
As neuras, felizmente, ficaram no passado. Prova disso é que, atualmente, entre uma foto e outra do filho de um ano, Márcia faz questão de exibir suas manchas no Instagram. "Não vejo o vitiligo como doença, nem como defeito. É apenas uma característica que ajuda a contar quem eu sou". Se pudesse voltar no tempo, diria para si mesma: "Pare de se importar com bobagens e aproveite os verões da sua juventude, que a vida passa correndo".
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Créditos
Imagem principal: André Klotz
Fotos André Klotz