Não-entrevista: Eduardo Cunha

por Nina Lemos

Motivos não faltam para a gente não querer falar com esse senhor. Ele é um dos militantes mais ferrenhos contra a legalização do aborto

Há muito tempo queremos não entrevistar o excelentíssimo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Motivos não faltam para a gente não querer falar com esse senhor. Ele é um dos militantes mais ferrenhos contra a legalização do aborto (que a Tpm apoia), contra o casamento gay (que a Tpm apoia). E tem idéias loucas do tipo criar um dia do "orgulho hetero" e uma lei que criminaliza a "heterofobia" (essa parte é quase engraçada, mas o assunto é seríssimo).

Nesta semana em que não entrevistaremos o nobre deputado, ele esteve no programa Roda Viva, da TV Cultura. Algumas pérolas ditas por ele no programa:

"Sou contra a adoção de crianças por homossexuais. Acho que não é a melhor maneira de você educar. Sou a favor de uma educação mais 'igualitária'".

"Uma coisa é atentar contra a vida de quem pode se defender, outra é atentar contra a vida de quem não pode. (...) Médico que pratica aborto tem que ir para a cadeia. A tipificação (de crime hediondo para o aborto) tem que existir."

Antes dessa entrevista, ele já havia dito: "Aborto eu não coloco na pauta nem que a vaca tussa. Para aprovarem o aborto, só por cima do meu cadaver."

Espera! Ele é presidente da Câmara ou um novo ditador? Não se deve respeitar as idéias de outros deputados? Discutir?

Para completar a semana, vem o barraco com o ex-ministro Cid Gomes — que mais parecia um debate em uma república de loucos, com direito a deputado chamando ministro de palhaço.

Senhor Eduardo Cunha, não temos nada para falar com o senhor. Inclusive porque, sabemos, nossos apelos sequer seriam ouvidos. Mas como repudiamos as suas frases contra os direitos humanos, aproveitamos também para não entrevistar as suas idéias.

Passar bem, excelentíssimo presidente.

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