"Dizer que sou sapatão é um ato político"

por Catarina Bruggemann

Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, fala sobre a luta das mulheres em minidoc da Peita, lançado com exclusividade pela Tpm

"Lutar como uma garota é cansativo pra cacete, mas não vejo nada mais bonito", diz a arquiteta e urbanista Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, executada em 14 de março no Rio de Janeiro. Nascida e criada na favela da Maré, Mônica falou sobre militância, sexualidade e violência no segundo episódio da série de minidocumentários da Peita, projeto da marca de camisetas feministas idealizado por Karina Gallon e apoiado por mulheres como Gal Costa, Manuela D’Ávila e Tiê. O ponto de partida para as conversas é sempre a pergunta "O que é lutar como uma fgarota?".

O objetivo do depoimento de Mônica, lançado em primeira mão hoje na Tpm, é também dar protagonismo para a mulher lésbica. "Dizer que sou sapatão é um ato político.” Seu ativismo se relaciona intimamente com a profissão de urbanista. Ela questiona a ocupação do Rio de Janeiro a partir da vista de sua janela na favela da Maré, onde mora: no primeiro plano, um valão onde corpos são jogados, no plano de fundo, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. 

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“Quando começo a entender que tenho que disputar essa cidade, me entendo resistência, mulher, favelada, que não vai ficar só presa dentro desse contexto da favela. Aí começa a militância. Eu queria a zona sul pra todo mundo”, defende. "A gente nasce fêmea, nos moldam a ser o sexo frágil e a vida vai ficando dura. Quando você rasga essa camisa, bota a camisa do lute como uma garota e vai para a porrada, porque ser mulher é foda pra caralho". 

A Peita nasceu em Curitiba, na Marcha das Vadias de 2017, na forma de camisetas, lambes e cartazes com o dizer “Lute como uma garota”. Pouco mais de um ano depois do início do projeto, a marca desenvolveu parcerias com ONGs comprometidas com causas sociais,  principalmente as envolvidas com feminismo e direitos da mulher, e lança mensalmente minidocumentários como o de Mônica.

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