Mulheres que contaram nas redes sociais seus primeiros assédios escrevem uma carta para si mesmas quando mais novas
Mari,
Olha só, ser mulher é lindo. Mas você vai encontrar muita gente dizendo o contrário. O importante é que você sempre se respeite muito. Porque o corpo é festa. E o corpo é seu. Talvez você precise se defender de quem queira ser dono de suas vontades. Mas lembre-se: não precisamos tolerar o que nos faz mal. Mão boba não é interesse. Abuso não é amor. Você já desconfia disso, mas tenha certeza. Porque o abuso pode vir de um desconhecido no ônibus, como também pode vir daquele jornalista amigo que veste lindas camisas e escreve extraordinariamente bem sobre mulheres e política e vida. Pode até vir numa conversa entre amigos. Grite. Defenda-se. Talvez te chamem de louca. Mas mulheres incríveis foram chamadas de loucas, então pode ser que não seja tão ruim. Muitas vezes, ser louca é ser feliz. E feito vento, as coisas podem mudar de direção. Você também é sopro pra fazer ventania. E fazer tempestade, se preciso for, pra ser mulher na brisa leve.
Beijo
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Mariana Degani tem 31 anos. Em outubro desse ano, ela escreveu um texto em seu Facebook para a campanha #PrimeiroAssedio sobre os assédios que sofreu na infância e como sua mãe, que criou sozinha ela e eu irmão mais novo, sempre tentou manter um ambiente seguro para os filhos.